Há uns tempos comentava com um amigo que um dos defeitos do Brasil é a ausência de uma elite.
Palavra muitas vezes considerada um anátema, a elite em uma sociedade democrática e desenvolvida é, além de inevitável, indispensável. Precisa-se de uma elite para pensar, para criticar, para comandar, para, enfim, liderar quem não tem condições de fazer o que uma elite faz.
Explicação óbvia, mas necessária: ser da elite não significa ser rico, ser playboy, milionário, afetado, etc., etc., etc. Antes pelo contrário. Uma elite pode se desenvolver também em grotões, com muito mais dificuldades, mas é possível. Um Chico Buarque não veio do nada; da mesma forma um Gilberto Amado; muito menos um Raymundo Faoro. Há uma frase do escritor francês Victor Hugo que diz: se quer civilizar alguém, comece pelos seus avós. E assim é. Enfim, continuemos.
Dizia eu a esse amigo, que a nossa elite costuma ser ignorante, inculta, mesquinha, corrupta, preconceituosa, autocentrada, ególatra e egoísta. E, para nossa infinita tristeza, nossa elite é brega. Infinitamente brega. Incomparavelmente brega. Tristemente brega. Toscamente brega. Confunde riqueza com ostentação. Possibilidades com desperdício. Privilegia a aparência sobre o conteúdo; compra arte por que é cool ou hype, não por que entende que a arte é ao mesmo tempo uma busca pelo belo e um mecanismo de mudança social e contestação por excelência. Que não consegue diferenciar bom gosto do engodo do marketing. Que prefere o simulacro à realidade. Enfim, uma elite que não vê grande importância em cultura, em estudo, em educação. Mas vê muita importância em champagne. Que brilha no escuro, pois não?!
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Ser mais fútil que Paris Hilton não é tarefa fácil. Parabéns, sr. Empresário Brasileiro! |
Quando estava pronto a me desesperar, li um dos comentários que, felizmente, salvou o dia. Zéferino (que é Zé e também é ferino) Brasilino mostra que, independentemente de nome e sobrenome, é possível ser da mais alta elite brasileira. Com senso de humor. E de proporção. Sem deixar de lado o bom gosto.
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Não representa a opinião do jornal, mas representa a opinião da elite caruarense.
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