
Sempre achei que isso fosse um fenômeno brasileiro ou, no máximo, latino-americano. Ledo engano. Triste engano.
Depois das últimas eleições americanas, ficou claríssimo que a figura Obama era muito mais relevante do que o Obama, representante escolhido pelo Partido Democrata. Continuei acreditando, pois, que esse fosse então um fenômeno americano, que havia cruzado o Canal do Panamá e ancorado em solo norte-americano.
Novamente: ledo engano; triste engano.
O principal político da esquerda alemã teve que renunciar ao cargo de presidente do partido, chamado - com suprema originalidade - “A Esquerda” (Die Linke). A discussão em todos os grandes jornais e portais é uma só: quem ira substituir Oskar Lafontaine? A reposta até agora é: ninguém. Segundo os analistas, não há ninguém a altura do atual presidente do partido. Ele é quem personaliza a oposição feita por todo o partido. Ele é, para facilitar, a cara do partido.
Segundo a Spiegel, o partido agora se encontra “em terra de ninguém”. Já para o Die Zeit, contrariando as palavras do próprio Lafontaine de que ninguém é insubstituível, “o vácuo deixado será dificilmente preenchido”. Um tom um pouco menos apocalíptico toma o Süddeutsche Zeitung, mas também com ressalvas ao futuro preenchimento do cargo de presidente do partido.
De qualquer forma, fica claro, mesmo que em menores proporções, que os problemas da política só mudam de enedereço. O reconhecimento de um partido na figura de uma pessoa apenas é fenômeno inexorável da política, seja aqui, seja no Brasil. O máximo, e melhor, que se pode fazer é tentar fortalecer os partidos para que se tenha, ao fim e ao cabo, uma pulverização do poder e que, por consequência, não haja uma concentração deste na mão de uma pessoa apenas. A história nos mostra, em inúmeros e riquíssimos exemplos, que sempre que uma pessoa se torna mais forte do que o próprio partido, a democracia começa a perder um pouco de sua forca...
Nenhum comentário:
Postar um comentário