quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Uma aula de violino não dói...

Um fantasma ronda a educação.

A história é, talvez, conhecida. Caso não seja, faço um resumo: Amy Chua, uma professora de direito comercial internacional da faculdade de direito de Yale, nos EUA, talvez a mais respeitada faculdade de direito do mundo, publicou um livro contando a sua experiência como mãe de duas meninas.
O livro se chama Battle Hymn of the Tiger Mother , algo como, Hino de Guerra de uma mãe tigre (tigresa?). Enfim, a tradução é o de menos. O que importa é que ela defende o seu modo de educar, baseado na forma como ela mesmo foi educada. Chua, filha de chineses que imigraram para os EUA, nasceu e cresceu como americana, mas, como contou, foi educada em padrões rigidamente asiáticos. Depois que teve suas filhas, com o também professor de Yale Jed Rubenfeld, um judeu americano, ela colocou em prática o que a memória lhe trazia da sua educação.
O livro, que ela classifica como um livro de Memórias, traz as experiências e toda a rigidez imposta às duas filhas.
Entre as incontáveis regras, as filhas NÃO podiam:
- dormir na casa de amigas
- participar de uma peca teatral no colégio
- reclamar que não podem participar de uma peca de teatro no colégio
- assistir TV ou jogar jogos no computador
- escolher suas atividades extracurriculares
- ter notas menores do que o conceito A
- não ser a melhor da turma, exceção feita à educação física e artística
- tocar outro instrumento que não fosse piano ou violino
- não tocar piano ou violino
Para os nossos ouvidos ocidentais, acostumados com toda a pedagogia do carinho e da ausência de limites, ou com toda a doutrinação de um Paulo Freire, por exemplo, isso mais parece um campo de treinamento do melhor exército do mundo do que uma família americana normal de classe média alta.
A professora Chua ainda teve o peito de publicar um artigo no Wall Street Journal intitulado "Porque as mães chineses são melhores". (leitura é recomendada).
Obviamente que o mundo quase veio abaixo quando as pedagogas, psicólogas e educadoras, que sabem melhor do que os próprios pais como educar os filhos dos outros, ficaram estarrecidas e disseram que ela não educou as filhas, mas sim torturou, ceifou, violou a liberdade, a criatividade, a jovialidade, etc, etc.
Outros educadores trouxeram pesquisas afirmando que uma educação exigente, com metas estipuladas e limites claros, ajuda as crianças no futuro que saberão lidar melhor com as responsabilidades e os problemas que a vida adulta exige e oferece.
A filha mais velha de Chua publicou um artigo no New York Post chamado Porque eu amo a minha exigente mãe chinesa. Disse que ela só se beneficiou da educação que teve e, final de Hollywood, "se morresse hoje, saberia que viveu a vida sempre a 110% e que agradecia sua mãe por isso."
Morrendo ou não morrendo, o fato objetivo é que as filhas de Chua serão aceitas nas melhores universidades americanas. E, isso, lá pra eles, já é um passo muito bem dado para o que a sociedade convencionou chamar de sucesso.
Na Alemanha, país que tem uma educação em declínio, as pedagogas querem queimar o livro de Chua em praça pública. "Um desservico à educação" é o mínimo que as educadoras contrárias às técnicas de Chua gritam. Outras, mais moderadas, dizem que ela baseou a educação em critérios objetivos bobinhos, como provas e sucesso nas notas. Esqueceu-se, dizem ela, que a vida é muito mais do que isso.
Outros dizem que os pais alemães poderiam enrijecer um pouco a educação dos filhos (sem perder a ternura, jamás!) para que as geracoes futuras continuem mantendo o país na elite mundial.
Eu, como não tenho filhos, não tenho opinião sobre isso. Quando os tiver, contudo, se a minha mulher permitr (todos sabem que eu sou muito bem mandado!) ficaria muito feliz se pudesse fazer algo parecido, com algumas liberdades a mais, mas também bastante exigente.
Até lá...
...pedagogas, psicólogas e educadoras do mundo, uni-vos!

Brasil...

... na mídia.
Enquanto todos nós nos esforçamos para que a imagem do Brasil no exterior melhore, esquecemos do que realmente importa para a humanidade e do que realmente interessa aos gringos no Brasil.
Hoje pela manhã, durante o café com o pessoal do Instituto, um deles, muito preocupado com o futuro do planeta, perguntou qual a minha opinião sobre a construção da usina de Belo Monte e sobre as centenas de milhares de vidas (de onde ele tirou esse número eu não sei) que serão perdidas com a inundação.

Antes que eu pudesse responder, outro, mais antenado com a realidade mundial, trouxe o computador com o vídeo da frentista "brasileira".

Desnecessário dizer que a conversa sobre Belo Monte se transformou na conversa sobre os belos montes das brasileiras. E, claro, as centenas de milhares de vidas que eles podem salvar...

Aqui a reportagem do respeitadíssimo tablóide (acento?!) Das Bild.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Vai meu irmão...

... pega esse avião!
Pede perdão/ Pela duração dessa temporada/ Mas não diga nada/ Que me viu chorando/
E pros da pesada/ Diz que vou levando/ Vê como é que anda/ Aquela vida à toa/
E se puder me manda/ Uma notícia boa

sábado, 22 de janeiro de 2011

The Clooney

Na esquina de casa há um restaurante italiano. O dono e chef é um italiano, vindo diretamente da Calabria, que tem um bigode de deixar um hipotético filho de Friedrich Nietzsche com Olívio Dutra no chinelo.
As comidas são preparadas na frente do freguês, com aquele bigode flutuando perigosamente acima das labaredas das bocas do fogão. Ele, confirmando o estereótipo, fala alto, muito alto, mexe os braços, é simpático, fica furioso por nada, passa cantadas nas mulheres. Enfim, tudo aquilo que os alemães pensam que um italiano deve ser.
O melhor de tudo é que, entre um prato de spaghetti carbonara e uma Pizza Fantasia ele sai à rua para um cigarro. Geralmente quando eu estou voltando para casa do "trabalho" (podem rir...) eu cruzo por ele e grito "Ciao". Ele geralmente responde com um "Salve" e continua pitando.
Como as leitoras podem imaginar, alguém que tenha um bigode desse tamanho não pode ser considerado um homem charmoso. Ele, em particular, nao o é. O bigode possui três cores que variam conforme a distância do fogão. Um dia ainda crio uma teoria sobre isso...
Dias atrás, com muita fome, ofereci meu tradicional cumprimento ao chef. Ele, com um sorriso e bastante entusiasmado, gritou Ciao, giovane!. Parei na hora e fiz um pedido ali mesmo, no meio da rua. Ele pitou mais uma vez, jogou a bituca na rua e entrou. Obviamente não lavou as mãos, coçou o bigode umas três vezes enquanto agarrava os ingredientes com a mão para preparar a minha pizza, gritou com a garçonete e, claro, deu uma piscadela pra loira que estava esperando a massa dela.
Tudo bem, tudo bom. Higiene não é algo que me preocupe muito.
Pronta a pizza, recebo a conta (impressionantes €5,80 por uma pizza grande). Pago, agradeço e caminho pra casa. Ao chegar em casa tenho uma pequena surpresa.
Na caixa há um desenho. Olhei, olhei e percebi que o pizzaiolo da caixa da pizza é a cara do George Clooney. Não resisti e desenhei um bigode condizente...
PS - O título é uma homenagem ao insuperável Howard Wolowitz.

And now...

... for something completely different.