quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Frase da semana

"Se você regalar sua esposa com um caríssimo jantar no melhor restaurante da cidade na expectativa de conseguir uma noite de enlevos lúbricos, será descrito como um romântico incorrigível. Mas, se preferir simplificar as coisas e oferecer-lhe uma soma em moeda corrente para o mesmíssimo fim, só o que conseguirá é o divórcio e a reprovação de todos os seus familiares e amigos." Da coluna do (sempre) recomendado Hélio Schwartsman.

sábado, 7 de novembro de 2009

Expor e ser exposto

A história é antiga. O representante de um partido com posições extremas, nesse caso à direita, é convidado a participar de um programa de televisão para expor as suas idéias e, como sói, ser exposto ao rídiculo.

Com Nick Griffin não foi diferente. Aliás, com ele a segunda parte da afirmação acima foi cabalmente comprovada. Eleé o presidente do BNP (British National Party) e foi convidado a um dos talkshows mais importantes da BBC. Ombrando com ele, outros representantes de partidos políticos e uma escritora negra americana.


Do início ao fim foi um baile. Literalmente.


O sujeito começou afirmando que, se vivo, Winston Churchill faria parte do seu partido, dadas as suas convicções políticas e ideológicas. Foi confrontado com várias citações do bom e velho Churchill que o desmentiam. Confrontado com as suas próprias declarações, vergonhosamente saia pela tangente dizendo que aquilo havia sido adulterado pelo entrevistador. Confrontado por um negro, sobre as infinitas contribuições dos negros ao Reino Unido, aí incluídas todas as guerras nas quais ele foram obrigados a participar para defender a rainha, mais hesitação, mais contradições e, claro, mais um sorriso amarelo. A história se repetiu com os árabes da platéia. E com qualquer outra minoria que o partido do sujeito quer que volte ao seu país de origem. Na parte mais triste do combate, o sr. Nick Griffin, após ser confrontado por um judeu sobre as suas afirmações negando a Shoah, disse que havia mudado de idéia quanto aquilo. Mas não sabia dizer em que extensão e, pior, por quais razões. Ficou lá, com um sorriso amarelo, gaguejando, tentando desdizer o que havia dito, sem convicção alguma. Triste e patético, mas inexorável para qualquer pessoa que defende posições fundamentalistas desse gênero.



A única vez que a possibilidade de diálogo (sim, em termos bem amplos, eu sei) foi fechada foi quando ele foi confrontado pelo fato de ter relações com um dos cabeças de uma famosa organização racista americana. Ele argumentou que esse sujeito fazia parte de uma facção não violenta, que não queimava cruzes. A professora americana simplesmente disse que aquele era um terreno que ele não poderia pisar. E encerrou a discussão por ali. Por quê?!


Após o "debate", o sujeito gravou uma declaração choramingando, dizendo que tinha sido alvo de uma lynch mob e que recorreria a BBC para ter seu direito de resposta (?). Enfim, depois de ser exposto ao maior ridículo de sua vida, por sua própria culpa e sua inabilidade política-argumentativa, ele foi chorar num cantinho...


Qualquer tentativa de se proibir um sujeito desses de ir a um programa de televisão é contraproducente. Quando confrontados com as próprias barbaridades, somente um absoluto demente permanece impávido e mantem o que disse. Negar o Holocausto perante um menino que perdeu o avô é muito difícil, quase impossível, na hipótese de não se ser um sociopata.


E foi exatamente isso que aconteceu.
Idéia após idéia, uma pior que a outra, o Sr. Nick Griffin foi exposto ao ridículo das suas opiniões, ao vazio dos seus argumentos e, claro, a demência de se sequer pensar em defender qualquer uma daquelas posições. Uma entrevista dessas traz mais benefícios ao pessoal que expõe ao ridículo as posições defendias por estes extremistas do que qualquer proibição para que eles se manifestem.


Como refere o colunista do Die Zeit, num interessante artigo intitulado "Deve-se conversar com facistas?", seria um flagrante caso de censura caso fosse negada a possibilidade, do representante eleito de um partido, simplesmente porque suas idéias não são politicamente corretas. De fato, a liberdade de expressão deve ser garantida ao máximo. Sempre. Se o sujeito cometer algum tipo de crime no exercício dessa liberdade, que seja punido (severamente ou não) de acordo com os rigores da lei. Mas, aqui o ponto, sempre, ex post facto. Determinar antes do discurso o que pode ser dito em função da "political correctness" do conteúdo nada mais é do que censura. Países com tradição democrática centenária, como a Inglaterra, entendem isso. E é por essa razão que a BBC o convidou e, segundo consta, continará convidando, dado o súbito aumento dos índices de audiência.

Quem não entende isso é a multidão tosca e bovina que quis, por meio da violência, impedir o sujeito de entrar nos estúdios da BBC. Segundo algumas declarações, ele fazia apologia ao nazismo e, pior, era porta-voz de um hate speech (o conceito mais indeterminado que eu conheço!). Um chegou a afirmar que a BBC, dando voz e espaço ao sujeito, cometeria ela mesma (?) racism.

A resposta aos apelos da massa é apenas uma: não! E, claro, uma vez mais, não! A liberdade de expressão deve ser garantida a todos, independentemente de suas convicções e ideologia. Negar isso é negar a própria essência do Estado de direito que, felizmente, clama por essa pluralidade. Negar isso, aqui o ponto, é censurar previamente o que pode e o que não pode ser dito e sequer pensado. E, claro, quando é o guarda da esquina que decide isso, o buraco é bem mais embaixo...

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

So easy

Recebo a Newsletter do DAAD:

"Bolsa de pós-graduação em Berlim em novela da Globo

Entre uma bolsa de estudos na Alemanha e um pedido de casamento, com qual você ficaria? A personagem Tônia, interpretada por Marjorie Estiano, passou por esse dilema nos últimos capítulos da novela “Caminho das Índias”, de Glória Perez, na Rede Globo. A estudante de medicina recebeu a notícia de que ganhou uma bolsa de pós-graduação na Alemanha alguns dias depois de o namorado, o esquizofrênico Tarso (Bruno Gagliasso), a pedir em casamento. Em novela, o amor costuma ganhar todas. Já a caminho do aeroporto, a nova bolsista pede para o motorista do táxi parar e corre para os braços do amado. Na vida real, são raríssimos os selecionados que desistem de uma bolsa para estudar na Alemanha."
Além de namorar um esquizofrênico(?!), ela é bobinha. Se tivesse casado com o maluquinho, poderia vir e ainda ganharia mais uns 300 euros de auxílio-cônjuge.
O amor - e ela - sairiam ganhando.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Dois mil e nove anos

Nas primeiras discussões da faculdade, especialmente as que envolviam direito penal, sempre surgia a fatídica pergunta:
"E se alguem estuprasse a tua filha de cinco anos, hein? O que tu faria?"
Como bom cínico, sempre respondia que os direitos fundamentais deveriam ser observados, independentemente da situação. E, claro, dizia que o pai da infante estuprada não era o sujeito mais indicado a dar palpites sobre a pena do estuprador.
Parece que na terra do Mustafá, meu amigo, as coisas são um pouco diferentes. A pena lá, pelo visto, continua a mesma há dois mil e nove anos, quando surgiu o maior mártir da civilização.
E aí, Mustafá, e se alguém estuprasse a tua filha de cinco anos, o que tu faria, hein?! Resposta hipotética, porém extremamente provável: dura lex sed lex, caro Pedrinho. Mandaria aplicar a lei que manda decapitar e crucificar estrupadores... E dá-lhe relativismo cultural neles!

Click

Toby era feliz. E sabia.
Todos os dias ele seguia a mesma rotina. Acordava cedo, com os primeiros raios de sol. Caso estivesse nublado, dormia até mais tarde. Ele podia se dar esses pequenos prazeres. Haveria comida, mesmo que acordasse mais tarde. Logo após acordar, descia ao primeiro andar e começava sua busca incessante por comida. Sim, Toby era um morte de fome. Ele, há tempos, sucumbira ao pecado da gula. Mas o que podia ele fazer se tudo que ele encontrava lhe parecia tão apetitoso?! Nada, respondia a si mesmo. Aqueles dias solitários estavam sendo repletos de banquetes.
Mesmo embaixo de chuva, comida não faltava a Toby! A única coisa que lhe incomodava era aquela dúvida que persistia. Olhando pela janela, Toby conseguia ver seres estranhos, todos sentados, um a frente do outro, olhando para papéis, todos muito compenetrados, sem conversar entre si.
-Quem dera tivesse eu um companheiro aqui ao meu lado!, pensava Toby.
No verão a vida solitária não era tão ruim. Com o inverno se aproximando, uma companhia não faria mal, refletia Toby. Independentemente do que Toby pensava, aqueles seres estranhos continuavam ali, sentados, em silêncio, sem conversar entre si.
Hoje, infelizmente, havia amanhecido chovendo. Como Toby não havia conseguido se proteger das gotas que caiam do céu, acordou cedo. Continuou sua busca diária para satisfazer seu irrefreável apetite.
- De hoje não passa, decidiu Toby. Hoje eu vou chegar perto dessas criaturas estranhas, ultimou um decidido Toby.
Escolheu, escolheu e não conseguia se decidir. Todos olhavam para baixo e pareciam, de alguma forma, frustados com a vida. Toby chegou a conclusão de que todos aqueles seres estavam passando fome. Essa era a única explicação para que eles não conversassem entre si e, claro, não sorrissem uns para os outros. Continuou naquela indecisão por horas. Olhava para todos eles e não conseguia decidir com qual deles deveria fazer o contato inicial.
De repente, um deles começou a olhar para o lado e sorrir!
- É o sinal, pensou Toby. Hoje farei amizade com um desses estranhos!
Toby foi se aproximando, pensando no que dizer, no que falar primeiro, ou mesmo se deveria ser o primeiro a falar. Quando finalmente decidiu tomar a iniciativa, aquele ser estranho puxou um aparelinho ainda mais estranho e click...
(Na foto, Toby, meu fiel companheiro de biblioteca, sempre no entorno da nogueira do pátio)

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Noites Insones...

Não durmo, nem espero dormir. Nem na morte espero dormir.

Espera-me uma insônia da largura dos astros, E um bocejo inútil do comprimento do mundo.

Não durmo; não posso ler quando acordo de noite, Não posso escrever quando acordo de noite, Não posso pensar quando acordo de noite — Meu Deus, nem posso sonhar quando acordo de noite!

Ah, o ópio de ser outra pessoa qualquer!

Não durmo, jazo, cadáver acordado, sentindo, E o meu sentimento é um pensamento vazio. Passam por mim, transtornadas, coisas que me sucederam — Todas aquelas de que me arrependo e me culpo; Passam por mim, transtornadas, coisas que me não sucederam — Todas aquelas de que me arrependo e me culpo; Passam por mim, transtornadas, coisas que não são nada, E até dessas me arrependo, me culpo, e não durmo.

Não tenho força para ter energia para acender um cigarro. Fito a parede fronteira do quarto como se fosse o universo. Lá fora há o silêncio dessa coisa toda. Um grande silêncio apavorante noutra ocasião qualquer, Noutra ocasião qualquer em que eu pudesse sentir.

Estou escrevendo versos realmente simpáticos — Versos a dizer que não tenho nada que dizer, Versos a teimar em dizer isso, Versos, versos, versos, versos, versos... Tantos versos... E a verdade toda, e a vida toda fora deles e de mim!

Tenho sono, não durmo, sinto e não sei em que sentir. Sou uma sensação sem pessoa correspondente, Uma abstração de autoconsciência sem de quê, Salvo o necessário para sentir consciência, Salvo — sei lá salvo o quê...

Não durmo. Não durmo. Não durmo. Que grande sono em toda a cabeça e em cima dos olhos e na alma! Que grande sono em tudo exceto no poder dormir!

Ó madrugada, tardas tanto... Vem... Vem, inutilmente, Trazer-me outro dia igual a este, a ser seguido por outra noite igual a esta... Vem trazer-me a alegria dessa esperança triste, Porque sempre és alegre, e sempre trazes esperança, Segundo a velha literatura das sensações.

Vem, traz a esperança, vem, traz a esperança. O meu cansaço entra pelo colchão dentro. Doem-me as costas de não estar deitado de lado. Se estivesse deitado de lado doíam-me as costas de estar deitado de lado. Vem, madrugada, chega!

Que horas são? Não sei. Não tenho energia para estender uma mão para o relógio, Não tenho energia para nada, para mais nada... Só para estes versos, escritos no dia seguinte. Sim, escritos no dia seguinte. Todos os versos são sempre escritos no dia seguinte.

Noite absoluta, sossego absoluto, lá fora. Paz em toda a Natureza. A Humanidade repousa e esquece as suas amarguras. Exatamente. A Humanidade esquece as suas alegrias e amarguras. Costuma dizer-se isto. A Humanidade esquece, sim, a Humanidade esquece, Mas mesmo acordada a Humanidade esquece. Exatamente. Mas não durmo.

Alvaro de Campos (F.P.)

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

A hard working...

... bon vivant.
O amor só é bom se doer...

sábado, 24 de outubro de 2009

Altruísmo, Caridade e Esmola com o próprio chapéu

Noticia o Tagesspiel de Berlin que um grupo de ricos, capiteneados por um médico alemão, resolveu fazer uma petição, a ser entregue para o Parlamento, no sentido de se criar um tributo sobre aqueles que tiverem mais de 500 mil euros em patrimônio. Segundo o autor da petição, (míseros) 5% sobre o patrimônio dos mais ricos poderia gerar uma receita extra para o Estado alemão que cobriria os buracos no orçamento. Segundo os dados do jornal, a Alemanha conta com mais de dois milhões e duzentas mil pessoas que se encaixariam no perfil e seriam tributadas, caso o novo tributo venha a ser criado e cobrado.

Até agora a petição tem (que surpresa!) 44 das possíveis 2,2 milhões de assinaturas. A pequena quantidade é nada mais do que óbvia. Um país cujo sistema tributário já é caótico, onde a tributação apenas pelo imposto de renda pode chegar – na faixa mais elevada - a 45% e cujos serviços públicos vão, paulatinamente, piorando de qualidade não tem grandes chances de emplacar um novo tributo sobre a propriedade dos ricos.

Fala-se, com estardalhaço, da “justiça social” desse tributo. Se os mais ricos têm mais patrimônio, logo devem pagar mais impostos. A afirmação é, em parte, verdadeira. Esquece-se, em grande medida, é que os ricos já pagam mais impostos do que os menos afortunados. Para cada euro em patrimônio, uma parte já é consumida por um tipo diferente de tributo. Obviamente que a idéia de se tributar os ricos não é nova. No Brasil, lembremos, houve a tentativa de se tributar as grandes fortunas. A previsão constitucional permanece lá (art. 153, VII CR/88). A lei complementar, mesmo em governos ditos de “esquerda” nunca foi aprovada. Roberto Campos , o maior liberal que o Brasil já teve, relata a sua tentativa de causar o menor mal possível, depois da apresentação de uma proposta quando ele ainda era senador. Para combater a “inevitável fuga das fortunas” ele apresentou emendas ao projeto de lei, criando um intrincadissimo sistema de deduções. Nas palavras do próprio (cito de cabeça, se estiver errado, peço perdão) “o capital é covarde como um cordeiro e veloz como uma lebre”.

De qualquer forma, as vantagens do um tal tributo não são tão claras. Com a mobilidade atual do patrimônio, há uma grande chance de que esses “ricos” com patrimônio simplesmente levem seus patrimônios a outras paragens, gerando ainda mais déficit para a economia local. Dentre tantos outros problemas, dois são os mais concretos: 1) um tributo dessa natureza desestimularia a poupança, mesmo em países como a Alemanha com forte tradição de poupadores, gerando efeitos negativos sobre o a capacidade de poupança e sua relação com o investimento e o desenvolvimento econômico e 2) o controle do que seria patrimônio acima de 500.000 euros seria extremamente complexo, com a necessidade de um considerável número de medidas para regulá-lo e fiscalizar a sua aplicação. O discurso contrário a um “imposto sobre o patrimonio dos ricos” obviamente soa antipático. Muito melhor é dizer “ricos paguem mais impostos!”. Nunca foi um dos meus objetivos ser simpático mesmo.

Mas, Pedrinho, como então se resolve o problema do orçamento alemão?! Com crescimento econômico, que gerará mais riqueza e, conseqüentemente, mais impostos serão arrecadados. Tributar os ricos é apenas a forma mais populista de aumentar (episodicamente) a arrecadação. Estranho, mesmo, é um dos ricos sugerindo a proposta. Será que ele quer aparecer? Querendo ou não aparecer, ele vai receber um e-mail meu. Se esse altruísmo todo for verdade, o meu orçamento no mês que vem será muito melhor!!!

(Na foto, o autor da proposta usando um charmoso [e caro!] cachecol vermelho: "Quem quer o me dinheiro?!, pergunta ele)

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Nostradamus

Sei que ja esta batido falar mal da seguranca no Rio de Janeiro e as consequencias disso para as futuras Olimpiadas de 2016. No lugar disso vou fazer uma previsao. Sim, previsao. Ja podem juntar suas reservas e correr para as apostas. Dinheiro facil e garantido! Com 106,45% de certeza uma das medalhas olimpicas nas novas provas*- incluidas especialmente para o Rio 2016 - ira para um grupo de gauchos (atualmente ainda gauchinhos). Com certeza absoluta. * O nome da nova prova ainda esta para ser decidido pelo COI em conjunto com o COB. Dou a minha sugestao: "Aviao (ou Vapor) a distancia".

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

A felicidade

Sempre fui um sujeito que se contenta com pouco. Qualquer coisa me agrada. Os que me conhecem de verdade sabem que eu me divirto com qualquer piada de portugues e de papagaio. Pouquíssimo mesmo. O exemplo mais claro de felicidade instântanea veio hoje à noite. Depois de um dia, não como todos os outros, aceitei o convite de um amigo alemao e fui tomar uma cerveja. Ficamos em torno de uma hora e meia no bar, jogando conversa fora, como convem. Na saída do bar um dos alemães pergunta para o outro: "Onde tu estacionou?", usando um determinado verbo. O outro, imediatamente, e seguindo seus institntos germânicos, corrigiu o amigo afirmando - rispidamente - que ele havia usado o verbo errado. A partir de então não mais consegui segurar minha felicidade e um risinho de canto de boca. Os outros germânico-hablantes se intrometeram e uma pequena roda sobre a gramatica alema se iniciou. A discussao, de um lado, focava no fato de estacionar ser um verbo que exige o "sein" por se tratar de um movimento. Os outros afirmavam que estacionar nao se tratava de um movimento, mas de uma localizacao fixa do automovel, logo devendo o verbo "haben" ser o auxiliar. Assim ficamos por uns 5 minutos. Eu ouvindo a tudo, feliz da vida. Ainda tive a coragem de me intrometer para frisar que os verbos ficar (bleiben) e estar de pe (stehen) exigem o auxiliar "sein" mesmo nao se tratando de movimento. Excecoes, excecoes, gritaram os mais aflitos.
Na minha cabeca, apenas um pensamento dominava: como assim??? Sete alemães (sendo que destes, 4 sao germanistas, isto e, estudam a lingua alema) não conseguem chegar a conclusão se o verbo estacionar (parken, um óbvio anglicismo do verbo to park) deve ser usado em conjuntocom o auxiliar ser ou estar?! Que maravilha! Depois de resolvido que nao se chegaria a uma resposta correta, me despedi dos alemaes e, com aquele bom e velho risinho de satisfacao cortando a face, vim para casa, feliz, lesto e faceiro!

sábado, 17 de outubro de 2009

Cidade maravilhosa...

...cheia de encantos mil, cidade maravilhosa, coração do meu Brasil. Mesmo atrasado, gostaria de dar meus parabéns a todos os envolvidos na conquista do Rio como cidade sede das Olimpíadas de 2016. Especialmente esses caras aqui. Enquanto isso, no mundo real:

Guerra do tráfico mata 5, fere 8, queima ônibus e leva pânico a bairros do Rio.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Global Freezing

Seguindo conselho do bom e velho Noel Rosa, perguntei ao Weather Channel "com que roupa?" eu deveria sair de casa hoje, logo cedo, para ir para a academia. Qual nao foi a minha surpresa ao ver isso aqui:
O frio chegou, espero, para ficar! E o melhor de tudo e, claro, pior pro Al Gore e pro pessoal do IPCC, e´ que ainda faltam alguns dias para sairmos do horario de verao!
Trilha sonora, como parece claro, aqui.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Profecia e Política

A escolha é, no mínimo, questionável, escreveu o Süddeutsche Zeitung (SZ). Obama representa a escolha, não de um Prêmio Nobel da Paz, mas de um Messias. Logo agora, depois desse sketch verdadeiro e constrangedor do Saturday Night Live?! Pois é, ah, pois é...
Obama, até agora, segundo o SNL, não fez muita coisa. Guantanamo Bay continua Guantanamo Bay. As eleições no Afeganistão foram um arremedo de democracia. O Iraque continua ocupado. O Irã continua com seu programa nuclear pacífico. As técnicas qualificadas de interrogatório continuam sendo utilizadas. A Coréia do Norte continua testando mísseis. O oriente médio continua lá. E Obama?! Ele não. Ele luta pela paz e, segundo o pessoal da Suécia, já chegou lá. Yes, he can! Além de já ter uma boa poupança advinda dos copyrights de suas duas autobiografias (escritas antes do 50!), agora ele conta com mais dez milhões de coroas suecas (o dinheiro mesmo, não as senhoras bem conservadas. Rá!) O SZ afirma que a escoolha de Obama para o Nobel da Paz indica uma opção messiânica do Comitê e não, como deveria ser, uma escolha baseada em atos e condutas concretas que favorecem - ou favoreceram - a paz ao redor do globo. Havia, segundo consta, outros 204 candidatos para receber a distinção. Obama, o escolhido, é o primeiro presidente americano a receber o prêmio quando ainda cumprindo o mandato. Bom pra ele! E pra nós?! Sinceramente acho que não muda rigorosamente nada. Aliás, quem ganhou mesmo ano passado?! Hmm... Claro, foi Martti Ahtisaari, finlandês, que muito ajudou em conflitos internacionais, informa-me a wikipedia. Há, claro, o famoso Nobel da Paz para Henry Kissinger e Le Cug Tho (que recusou), que, após levarem dois países a uma guerra de quase quinze anos, celebraram a paz em Paris. Sim, cria-se o problema e, voilà, é-se condecorado por acabar com o problema criado anteriormente. Vá lá, pelo menos a paz voltou. O grande problema, informa o jornal, é que "profecia é coisa da religião e não da política. Por isso o Prêmio Nobel a Barack Obama é ainda uma decisão difícil de compreender" continua o jornal. O jornal levanta a hipótese de ele não conseguir fazer nada de mais pela paz. E daí, o prêmio (e a grana) já é dele! O resto, agora, é profecia e esperança. Obama é o Nobel da Paz para o futuro. É isso. Ele levou o prêmio adiantado. Enquanto outros dedicaram suas vidas à paz, ele ainda tem tempo para fazê-lo. E agora com uma graninha a mais no bolso. A reportagem acaba assim: "Para o presidente o prêmio não fará muita diferença. E para o prêmio em si? Ele vai acabar degenerando em algo sem importância. Um evento no calendário anual dos profetas." Para o ano que vem, meu voto vai para o Inri Cristo! Meu Paaaaai!!! * Trilha sonora do post, como não poderia deixar de ser, aqui: uma mistura equilibrada entre Richard Wagner e o cheiro de napalm pela manhã. ** Já sei até como será o sorriso dele quando receber o prêmio...

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Bêbado, não grite. Por favor!

dias as janelas da rua onde eu moro apareceram cobertas com lençóis e roupas de dormir. É uma forma de manifestação dos moradores: a barulheira dos bêbados está incomodando o sono alheio.

Como todos sabem, cada cidade tem o seu "bobódromo". Aquela rua onde todos vão para ver e serem vistos. Aqui, a rua mais movimentada da cidade durante a noite, que leva o sugestivo nome de Rua de Baixo, dista 50 metros da minha rua, a Rua dos Três Reis Magos (pois é...). Boa parte das pessoas que saem das festas passa por aqui no seu caminho pra casa. A conseqüência (como sempre!) é inevitável: necessidades fisiológicas (número 1, na maioria das vezes) por toda a rua, gritos, berros, conversas, garrafas quebradas no chão, mais gritos e, ontem, uma briga de namorados (ambos com ‘o’ no final). Enfim, confusão mais confusão.

Os moradores resolveram se unir e mostrar sua indignação pendurando lençóis com inscrições infames: “Barulho, urina e sujeira fora!”; “Nós precisamos de sono”; “O centro histórico está sem futuro”. O meu (querido e insubstituível) locatário resolveu, para desespero dos compositores, fazer um péssimo trocadilho com uma conhecida canção e escreveu: “Eu perdi meu sono em Heidelberg”*.

A conseqüência direta foi que a rua ficou mais feia. No lugar de prédios históricos bem conservados, agora, sou obrigado a olhar para lençóis velhos e camisolas ridículas. Há, inclusive, uma ceroula (sim, sim) pendurada.

A segunda conseqüência foi indireta: pense no que se precisa fazer para que um bêbado não grite? Ficar em silêncio e torcer para que ele não grite, certo?! Pois então. E o que fazer para ele começar a gritar como um alucinado? Acertou quem disse: “pendurar lençóis e camisolas pedindo silêncio!” Todos os bêbados que antes deixavam apenas as suas “marcas de urina”, agora resolvem desejar um “bom sonho” aos moradores que querem dormir. Ontem mesmo, depois de acordar no meio da noite, escuto um: “Durmam bem, moradores que não conseguem dormir” gritado a todo pulmão. Aquilo não era um desejo altruístico, era uma declaração de guerra! Claro, a ironia do bêbado (muito provavelmente não intencional!) é, para dizer o mínimo, s-e-n-s-a-c-i-o-n-a-l!!

Ironias e efeitos colaterais deixados de lado, hoje, quinta-feira, quero ver como será. Já estou com meus medos de que será mais uma noite com desejos de boa noite gritados à toda potência. Se for, tudo bem. Eu durmo mesmo assim. Fico com pena, mesmo, é das velhinhas que estão tendo que dormir sem as suas camisolas azul-bebê...

* A famosa canção diz: “Perdi meu coração em Heidelberg” e pode ser escutada, com fotos da cidade, aqui.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Lies, Lies, Lies, oh lies

Para relaxar...

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Quero ser proxeneta!

Um pouco de non sense português.
Quero ser cá em Coimbra, pra poder dormir na minha cama.
Se não acertei não conta. É como se não tivesse atirado nada. Não. O que conta é acertar, que aleija.

domingo, 4 de outubro de 2009

Gabriel Humbert Márquez

Depois que li isso aqui, me peguei pensando o que os diretores dessa ONG faria se vivesse ao tempo da publicação de Lolita. Imagine a cena: um sujeito, passado dos quarenta, casa com uma moça "só" por que ela tem um filhota de 12. A mulher morre, com a "ajuda" do sujeito e ele pega a moça e se vai, ficando cada vez mais, para usar um eufemismo, próximo dela. Dá mesada em troca de "favores" e, ato contínuo, rouba o dinehiro. Dolores é o nome da moçoila. Idade: 12 anos. Ficção?! Ficção. É a imaginação de um Nabokov derramada em papel. Sem a genialidade de um Nabokov, só me resta ficar cá imaginando como seria se essa ONG existisse ao tempo da publicação de Lolita.
A arte tem limites?! Obviamente que sim. Pode fazer apologia a alguma coisa ilícita?! Boa pergunta. Ninguém, à exceção de quem tem uma mente psicologicamente deturpada, vai sair a ter casos com meninas de 12 anos depois de ler Nabokov. Da mesma forma, nenhum velho de 90 anos vai sair a procurar prostitutas virgens (oxímoro?!) de 14 anos na selva colombiana...
A arte tem limites?! Obviamente que sim. Respeitar o sistema legal do país onde a obra for publicada é uma necessidade. Ah, é?! E "Versos Satânicos" não violou o sistema legal de vários países?! Claro que sim... Mas esse tipo de "violação da legislação" é o objetivo mesmo da arte. E é aqui que entra a sua real e promordial importância: ela é que a alavanca de contestação; ela que serve como motor de provocação; ela que define novos limites do permitido; é ela que faz uma sociedade dormente acordar; é ela, enfim, que rompe com o que está aí e tenta trazer algo novo para a mesa. Ao fazer isso, obviamente, abusos ocorrem. É do jogo e, diria até, são necessários. Os abusos têm de ser controlados, pelos meios institucionais adequados. Mas, tenho rigorosa, total e absoluta certeza que coibir eventuais abusos é muito, infinitamente, melhor do que ter que ouvir alguma ONG qualquer a dizer o que pode e o que não pode ser lido, publicado, escrito, esculpido, pintado... Enfim, um mundo com Lolita's, Memórias de minhas Putas Tristes, Casa dos Budas Ditosos, A Cor Púrpura, Carlos Zéfiro, Hustler's e Playboy's (a lista é longa...) é um mundo infinitamente melhor do que esse que a ONG quer nos enfiar goela abaixo.

sábado, 3 de outubro de 2009

Maldição Olímpica

Lembrei de um texto antigo, publicado na Folha Online, escrito pelo Hélio Schwartsman (recomendadíssimo!), sobre o Pan de 2007. Se trocarmos a palavra Pan (e seus correlatos) por Olimpíadas (e seus correlatos), temos um belo resumo:
Entregando o Ouro Hélio Schwartsman

Deus é testemunha de que não tenho nada contra o esporte. Além de matar e morrer pelo Corinthians, gosto de ver as atletas da ginástica olímpica se estatelando contra o solo e até dou minhas corridinhas. De vez em quando, encaro os 42 km de uma maratona. Não é, portanto, por sedentarismo militante que dedico esta coluna a vilipendiar o Pan.

Minha preocupação é principalmente de ordem econômica. Em 2002, quando da candidatura do Rio de Janeiro a sede dos jogos, o Comitê Olímpico Brasileiro estimou o total de gastos em R$ 414 milhões (valores já corrigidos pela inflação), a maior parte bancada pela prefeitura. Cerca de 20% dos recursos viriam da iniciativa privada. Ao fim e ao cabo, a brincadeira saiu por R$ 3,7 bilhões, mais da metade proveniente das burras federais. Praticamente nada veio de empresas particulares.

Tudo bem. Obtivemos 54 medalhas de ouro, nossa melhor participação em Pans e quase superamos os comunistas ateus caribenhos. Com todo respeito aos atletas que se esforçaram para conseguir suas auricomendas, R$ 69 milhões para cada medalha dourada parece-me um preço exagerado.

Se tudo não passasse de incompetência para planejar eu não estaria sendo tão severo com os organizadores torneio continental. O meu receio é justamente o de que esse pessoal seja muito competente numa outra modalidade, que não está catalogada no rol olímpico, mas no Código Penal. Como explicar, por exemplo, que a reforma do Maracanã, orçada em 2005 em R$ 75 milhões, tenha consumido R$ 294 milhões? É mais que o suficiente para erguer novos e moderníssimos estádios. O de Leipzig, usado na Copa da Alemanha de 2006, saiu por R$ 244 milhões. O de Seogwipo, na Coréia do Sul, edificado para a Copa de 2002, ficou em R$ 203 milhões.

Se essa dinheirama pelo menos revertesse em ganhos permanentes para a cidade do Rio de Janeiro, eu não estaria sendo tão ranzinza. Não é, infelizmente, o caso. Dessa novela toda, só o que deverá ficar são alguns novos equipamentos esportivos e a vila olímpica, que ninguém sabe exatamente para que servirá. R$ 3,7 bilhões é um preço extorsivo para tão pouco. E que não venham as autoridades alegar que foram surpreendidas pelo baixo retorno. Economistas já até criaram o termo "maldição olímpica" para referir-se às cidades que despendem rios de dinheiro para sediar megacompetições esportivas e depois ficam a ver navios.

Se as autoridades tivessem um mínimo de respeito pelo contribuinte estariam fazendo tudo para evitar que o Brasil venha a ser escolhido para sediar a Copa de 2014 ou os Jogos Olímpicos de 2016. Aí, os R$ 3,7 bilhões agora torrados virariam uma brincadeira de crianças. [os gastos estimados para o Rio 2016 são da ordem de trinta bilhões de reais! Coloca mais os 25% da Lei de Licitações e bola pra frente...]

E, já que estou embalado nas críticas ao Pan, examinemos outros aspectos negativos do evento. Incomoda-me sobremaneira os incontidos brios nacionalistas que os jogos despertaram. Não estou, evidentemente, sugerindo que deveríamos torcer pela Argentina quando ela enfrenta o Brasil. Mas há uma diferença entre incentivar de forma saudável equipes e atletas do país e vaiar os competidores estrangeiros, o que viola o chamado espírito olímpico além de todas as regras da hospitalidade e da boa educação. A única vantagem desse comportamento é que ele torna mais remota a possibilidade de que o Rio de Janeiro venha um dia a sediar Jogos Olímpicos, pelo que os cofres públicos agradecem.

(...)

Pensando melhor, talvez o problema não esteja nos gastos absurdos e totalmente fora do planejamento, nem na imbecilidade do nacionalismo e nem mesmo nas regras sem pé nem cabeça do COI. Quanto mais escrevo, mais me convenço de que o problema sou eu. Já deveria ter aprendido que é bobagem cobrar racionalidade do ser humano.

A África do Sul como metáfora do Brasil

Depois de saber que os investimentos para a Olimpíada do Rio seriam da ordem de quase R$30.000.000.000 (trinta bilhões de reais), segui o conselho daquele hit, joguei no Google as palavras "corrupção" + Africa do Sul + Copa + 2010 e, como suspeitava, pimba! Uma delas: "O presidente do Comitê Organizador da Copa do Mundo de 2010, Danny Jordaan, admitiu hoje que os gastos para organizar o evento serão maiores do que o previsto inicialmente. A conta, que será integralmente paga pelo governo da África do Sul..." A mesma pesquisa em inglês, traz quase 10 vezes (!) mais resultados O primeiro: "South Africa's 2010 World Cup soccer tournament is a prime target for corruption..." Pensei em pesquisar nas outras dez línguas oficiais do país, mas o meu SeSotho do Norte está um pouco enferrujado. e os resultados em ShiTsonga estavam um pouco confusos. Claro que o Brasil não é a África do Sul, mas, aposto o meu holerite todinho que, em aproximadamente uns 5 anos, as mesmas reportagens serão encontradas com estes termos aqui: Rio + Olimpíadas + 2016 + corrupção. Como diria aquele famoso apresentador: quem quer (perder) dinheiro?!

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Leave the gun, take the cannoli

Como o pós-operatório consistia, basicamente, em ficar deitado, pude fazer uma coisa que, há anos, quiça décadas, eu ansiava por fazer: assistir ao The Godfather. Sim, a trilogia completa. Sim, quase 10 horas de filme. Sim, vale a pena*. Vale muito a pena!**
* No Poderoso Chefão II, a única coisa, digamos, complicada (na falta de melhor palavra) é a absoluta glorificação da revolução de 1959 e a caracterização da ilha como um enorme, gigantesco mesmo, prostíbulo e antro de corrupção antes de Sierra Maestra. Hollywood, 1974: As circunstâncias históricas explicam. ** Na última parte da trilogia, o que chama atenção é imagem de ua Igreja Católica corrupta e materialista. Como dizia um professor amigo meu, "bater na Igreja é fácil". A crítica é válida, o problema é o exagero...

Es ist Deutschland hier

Dias atrás o chefe do partido que mais cresceu nas últimas eleições alemãs, - o sugestivo FDP, no meio de uma entrevista coletiva, ao ser perguntado, por um repórter da BBC de Londres, se a pergunta e a resposta poderiam ser em inglês, respondeu, com uma cara não muito amistosa: "aqui é Alemanha". Confira comigo no replay:
Duas reações ocorreram: a primeira dos, digamos, puristas da língua, que ovacionaram a reação do político, ao frisar que, "como na Inglaterra é necessário falar inglês, na Alemanha é necessário que se fale alemão." Do outro lado estão aqueles que o criticaram, por um motivo em especial. O senhor, que não quis "falar inglês em público" está cotado para ser o próximo ministro das Relações Exteriores da Alemanha. Diante disso, argumentam os críticos, falar inglês é uma necessidade. E, ele como cotado ao cargo, deveria ter esbanjado fluência para comprovar a capacidade. Eu?! Pra mim tanto faz... Mas, confesso, dá gosto de ver alguém dizendo que é necessário falar alemão na Alemanha. Explico-me: longe de mim de pregar aquele anti-americanismo (ou anti-anglicismo) bobo, de que os EUA são o demônio do mundo e que tudo de ruim tem início com pessoas que falam inglês por língua-mãe, como bem dissecou o Revel no Obsessão Antiamericana. Mas, dias atrás, ao ir no Starbucks (imperialismo cultural? Not!!) comprar um café, um americano xingou até a mãe da atendente pelo simples motivo de que ela, "mesmo trabalhando numa empresa americana, não entendia um simples pedido". E, bufando, saiu chutando a porta e gritando: "Biátch"! (Fato curioso: rapper ele não era. Aliás, era mais branco que o Eminem e eu juntos. O "biátch", acredito, era uma licença poética para não causar problemas...) Se a menina tivesse presença de espírito, deveria ter respondido: "Es ist Deutschland hier". E, claro, que o Starbucks é uma franquia.

Tough call

O que é melhor: usar um biquini minúsculo de uma marca desconhecida, comprado na 25 de Março por R$4,99, ou uma burqa da Gucci?

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

60 days later...

exatos sessenta dias fui submetido a um procedimento cirúrgico. O que eu tinha e o que foi retirado (opa!) pouco importa. Importa foi a dor que eu senti. Importa foi sentir esta dor sozinho. Aliás, sentir qualquer dor é muito ruim. Sentir dor sem ninguém conhecido por perto para ajudar é pior ainda. Há exatos sessenta e seis dias que não fazia qualquer forma de atividade física. Acrescente-se os seis dias que eu fiquei acamado, com a dor que levou, ao fim e ao cabo, a necessidade da cirurgia.
Hoje, portanto, é um dia feliz. Seguindo os conselhos médicos, esperei exatos sessenta dias a contar da cirurgia e, lesto, lépido e faceiro, fui dar uma caminhada. Comecei, como parece óbvio, muito devagar. Menos de meia hora no ritmo de um infante de menos de 1 metro. I didn't even break a sweat, como diria o bardo. "Pouco se me dá", conclui com Ruy na cabeça. A mera possibilidade de poder desempenhar atividades corriqueiras, como uma simples caminhada na beira do rio, já me deixa menos insatisfeito do que eu estava. Agora, é claro, só me resta torcer para que as minhas costas aguentem o tranco mais uns dois ou três anos, para que quando - e se - eu sentir dor novamente , já esteja de volta à pátria amada Brasil, tã, tã, tã, tããããã.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Aqui no povo é diferente e me falta o que eu lá tinha

Hoje, relendo o que eu escrevi ontem, lembrei de uma música que se adapta ao que passei antes de vir. Um Pito (Wilson Paim) Olha guri, reparas o que estás fazendo, depois que fores é difícil de voltar. Passei-te um pito e continuas remoendo teu sonho moço deste rancho abandonar. Olha guri, lá no povo é diferente, e certamente faltará o que tens aqui. Eu só te peço: não esqueças de tua gente, de vez em quando manda uma carta, guri. Se vais embora, por favor não te detenhas; segue em frente não olhes para trás e assim não vais ver a lágrima insistente que molha o rosto do teu velho, meu rapaz. Olha guri, pra tua mãe cabelos brancos e este velho que te fala sem gritar. Pesa teus planos, eu quero que sejas brando; se acaso fores pega o zaino para enfrenar. Olha guri, leva uns cobres de reserva; pega uma erva pra cevar teu chimarrão e leva um charque que é pra ver se tu conservas uma pontinha de amor por este chão.

domingo, 20 de setembro de 2009

Mas não basta pra ser livre

mais de uma década participei de um desfile de 20 de Setembro. Encilhei meu pingo, como se deve dizer, dei um gole na canha e fomos para o centro da cidade. Atravessei a avenida Brasil, ao som do, nascido e criado em Passo Fundo, Teixeirinha e do Canto Alegretense. Cumprimentei as autoridades e mandei acenos ao transeuntes. Tudo muito divertido, tudo muito bonito. Alguns meses depois daquele desfile virei, nas palavras do meu querido irmão, um guri de apartamento, criado no carpete. Nunca mais andei a cavalo e, por consequência, nunca mais fui tão chegado nas comemorações do 20 de Setembro. Há anos, também, que não tenho uma bombacha de verdade. Antes de vir, encontrei meu irmão (o mesmo ali de cima!) com uma bonita bombacha "uruguaia", sem tantos detalhes e não tão grande quanto a bombacha gaúcha (como a acima na foto). No mesmo momento, fui ao estabelecimento comercial e comprei uma igual. Hoje, Vinte de Setembro, vesti minha bombacha (pouco me importa se é uruguaia), cevei um mate e coloquei um disco do César Oliveira e Rogério Melo e me deliciei com o fato de ser gaúcho.
Trilha sonora do post: aqui, aqui, aqui e, claro, aqui.

Tentando...

...voltar ao ritmo normal.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

O céu vermelho e o fogo frio

Todos conhecem a boutade do Groucho Marx que, após ser aceito como membro de um determinado clube, mandou uma carta pedindo para se retirar pois não gostaria de pertencer a um clube que o aceitasse como membro. Essa é a minha singela opinião sobre o blog da Petrobras. Se eu posso escrever qualquer barbaridade (como o título acima), por que razão não poderia também a 'maior empresa da américa latina'?!

domingo, 31 de maio de 2009

O rio da minha Aldeia

Continuando na série:
O Neckar é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, Mas o Neckar não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia Porque o Neckar não é o rio que corre pela minha aldeia.

O Neckar tem grandes navios E navega nele ainda, Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está, A memória das naus. O Neckar desce da Floresta Negra E o Neckar entra no Reno. Toda a gente sabe isso. Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia E para onde ele vai E donde ele vem. E por isso porque pertence a menos gente, É mais livre e maior o rio da minha aldeia.

Pelo Neckar vai-se para o Mundo. Para além do Neckar há a França E a fortuna daqueles que a encontram. Ninguém nunca pensou no que há para além Do rio da minha aldeia.

O rio da minha aldeia não faz pensar em nada. Quem está ao pé dele está só ao pé dele.
Há dias em que eu preferia estar somente ao pé do rio da minha 'aldeia'. (*) O original, do Fernando Pessoa (Alberto Caiero). Triha sonora: John Denver - Take me home, country roads.

Auto-engano

Relendo o texto, vi que há uma boa dose de possibilidade de que o texto abaixo seja apenas uma forma de eu tentar me convencer que tudo isso não é uma grande perda de tempo... (*) Lembrei-me do livro do Eduardo Gianetti. Além de ser muito bom (e fácil) de ler, explica bem como esses processos mentais funcionam.

"Aproveitar a vida"

uns tempos tive uma discussão sobre as escolhas pessoais e como algumas delas nos levavam por caminhos complicados. Alguns de nós escolhem aproveitar a vida (essa foi a expressão usada por mim) enquanto outros escolhem caminhos menos 'atrativos' e que consomem boa parte da juventude e/ou do início da vida adulta. 


 As escolhas que eu fiz até agora nunca me ajudaram a 'aproveitar' a vida, pelo menos não do jeito que o senso comum acredita que seja a forma 'correta'. A piada que eu sempre faço é que em 50 anos, meus netos perguntarão para o "Vovô" o que ele fez na juventude e a resposta seria: "dos 7 aos 33 o vovô estudou". Querem vida menos 'aproveitada'?! 


 Claro que tudo que aconteceu na minha vida até agora foi uma conjunção de vários fatores, entre eles a sorte e a vontade de realizar planos e/ou sonhos que eu tenho há anos. Sempre tive o apoio das mais diferentes pessoas e, claro, apoio incondicional da minha extraordinária família. Engraçado que eles, que mais se preocupam comigo, nunca disseram para eu aproveitar a vida. A razão principal, até onde sei, é que lá em casa temos uma ética do trabalho muito forte. Coisas que Freud não explica, mas Max Weber(*) sim. 


Quando alguém me diz que eu deveria estar aproveitando a vida, eu sempre fico pensando qual a melhor forma para fazer isso. Festas?! Praia?! Claro que eu adoraria estar com meus amigos e com a minha família, sentado num bar, tomando cerveja e comendo churrasco todos os finais de semana. Hoje tenho muito mais vontade de estar sentado na grama, na beira do rio, tomando uma cerveja e lendo um livrinho bobo qualquer, no lugar de estar trancafiado, lendo um manual (chatíssimo!) de direito constitucional. Isso, quer me parecer, é, no senso comum, aproveitar a vida ao máximo. 


 O grande problema, acredito, é que para ser realizado e, claro, tentar realizar alguma coisa(**) alguns sacrifício são necessários. Abandonar as pessoas queridas por algum tempo, abrir mão de alguns divertimentos e passatempos, ignorar as realizações instantâneas e, acima de tudo, sacrificar uma grande parcela da vida pessoal. Vale a pena?! Não sei... Mas é algo que, caso eu não fizesse, em cinquenta anos olharia para trás e me arrependeria de ter não ter aproveitado a minha vida para fazer! 


Eu aproveito a vida?! Boa pergunta. Mas, em cinquenta anos, meu netos - tenho certeza - ouvirão outra resposta: 'O vovô aproveitou a vida da melhor forma que pôde'. 


(*) Max Weber foi um dos pais da sociologia. e, além de ter estudado por aqui, virou professor de 'Economia' alguns anos mais tarde. Como todos sabemos, ele enveredou por outros caminhos, até chegar a sua magnum opus 'Economia e Sociedade'. A referência é ao sensacional "A ética protestante e o 'espírito' do capitalismo". 
(**) Que fique muito claro: não tenho a pretensão de realizar nenhuma coisa grandiosa. O que me move, contudo, é a vontade de tentar realizar algo que possa, num micro-universo limitadíssimo, fazer alguma diferença.

sábado, 30 de maio de 2009

Virtus in medio constat honesta loco

Em relação ao que está escrito logo abaixo, hoje a 'perfeição' se instalou por essas bandas daqui. Acordei cedo e fui pro mesmo lugar de sempre. Enquanto eu permancia (e permaneço!) trancado, lá fora fazia (e ainda faz!) a - na minha modestíssima opinião - temperatura perfeita. Por isso, resolvi encurtar o dia hoje aqui na biblioteca e vou passear um pouco na beira do Neckar... Fui!

terça-feira, 26 de maio de 2009

Precipitado

Ontem tivemos 35 graus, sol o dia inteiro e, pra completar (o inferno), às 21.45 ainda estava claro. Hoje amanheceu chovendo, com a paisagem pintada de cinza e a temperatura estacionada nos 15 graus. Definitivamente, sou uma pessoa que prefere a precipitação cinza ao inferno ensolarado.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

21 anos

Viagem para Viena, companhia sensacional, cidade lindíssima, Sacher Torte com café e "com chuvas esparsas por todo o perímetro".
Fazendo o inescapável city tour descubro que a mais antiga Universidade de língua alemã não é a de Heidelberg. Começo a chorar compulsivamente. Como assim?! Depois dessa declaração de amor?! Pois bem. A Universidade de Viena foi fundada vinte e um anos antes. Em 1365 o Arquiduque Rodolfo IV, baseado no modelo da Sorbonne, fundou a Alma Mater Rudolphina Vindobonensis.
Hoje em dia a Universität Wien tem quase 75.000 estudantes, nas mais variadas áreas do conhecimento, dividos em 15 faculdades e mais de 180 cursos. Uma pequena curiosidade relacionada ao post anterior: depois de 532 anos de sua fundação, a Universidade de Viena aceitou a primeira mulher nos seus quadros discentes, corria o 1897. Dez anos depois a primeira professora. Se continuar nesse ritmo, creio eu, em 532 anos não haverá mais homens nas universidades. O que, ao fim e ao cabo, será uma coisa boa...

A melhor

Hoje o professor de direito constitucional devolveu o trabalho de férias dos alunos. Gritos, sorrisos, brigas e todo tipo de comentários entre os mais de 300 alunos da disciplina. Funciona assim: depois de cada semestre é fornecido um problema sobre o qual os alunos devem escrever um trabalho. É uma distração durante as férias para os que não querem fazer nada e, claro, uma trabalheira do cão para aqueles que querem escrever algo com qualidade. A primeira coisa que o professor fez foi ler o nome das três primeiras colocadas (as mulheres dando um banho no sexo forte). Além de elas explicarem para o resto dos 300 aluno(a)s como resolveram o problema, ainda foram presenteadas com livros muito bons e bastante caros. A que escreveu o melhor trabalho disse que passou as férias inteiras estudando e escrevendo o trabalho. Simples assim. Uma cadeira, uma mesa, uma luminária e os livros. As outras duas disseram que tiraram apenas uma semana de férias. Tudo para riso dos demais que as consideraram as maiores "perdedoras" em oposição, claro, a eles, os "legais". Em suma: premiou-se o mérito. Simples assim. Meritocracia no seu estado puro. Infelizmente não consigo vislumbrar isso no nosso cenário universitário. Na nossa sanha igualitária, de não distinguir o bom do ruim, do dedicado do preguiçoso, esquecemos que alguns são mais aptos. Alguns são, simplesmente, melhores e mais inteligentes. Mais capazes e mais bonitos. Mais dedicados e apegados. E isso não pode aparecer, sob pena de estar-se agindo contra o "princípio da igualdade". O problema é que é uma falácia que a igualdade mande tratar todos igualmente. O que ela realmente manda é tratar a todos igualmente, desde que o critério de tratamento e comparação seja o mesmo. Estudantes que tenham a sua disposição os mesmos livros e a mesma quantidade de tempo devem, necessariamente, ser comparados. Os melhores e/ou mais dedicados devem ser distinguidos dos demais. A meritocracia pode parecer injusta. Não é. Havendo condições em igualdade(*) não premiar o mérito constitui a verdadeira injustiça. (*)Claro que a definição de 'igualdade de condições' é muito mais complexa num país como o Brasil. Por aqui o nível médio é que todos dentro de uma universidade tenham condições semelhantes.

Writer's block

Passei um tempo viajando e outro tempo sem saco para escrever. Hoje [espero] voltamos com a programação normal da casa.

sábado, 9 de maio de 2009

Mote do dia

"We do what we have to do, in order to do what we want to do."

Diferenças

Quase todos as pessoas que estudam na biblioteca da Faculdade de direito trazem uma garrafa d'água consigo. Eu incorporei o costume e, quase sempre, trago uma garrafa d'água comigo. Hoje, infelizmente como se verá, esqueci minha garrafa d'água em casa. Depois de algumas horas sentado, já cansado, resolvi caminhar um pouco e tomar alguma coisa. Fui até o bar disposto a comprar uma garrafa d'água. Mudei de idéia e acabei comprando uma garrafa de Apfelschorle (uma mistura de suco de maça com água mineral com gás). Voltando para a biblioteca, fui parado pela menina que controla a entrada: "Com licença, o senhor não pode entrar com essa garrafa na biblioteca. Isso não é água." Espantado, a minha única reação foi um grunhido, algo como um "isso é a coisa mais absurda que eu já ouvi em toda a minha vida" resumido em apenas um som monosilábico. Ela ficou me encarando e repetiu a frase que ganharia o concurso mundial de frases óbvias 2009: "Isso não é água." Pensei em responder que a garrafa continha, no mínimo, 57% de água, como podia ler no rótulo. Contudo, olhei firme para o chão e, tomando cuidado para não xingar ninguém, caminhei calmamente até o corredor onde tomei minha garrafinha de suco de maça misturado com água mineral com gás. Para completar a bizarrice, ao passar novamente pela entrada, ela ficou olhando fixamente para os meus bolsos, como se eu pudesse esconder uma garrafa de um litro e meio dentro do bolso ou embaixo da camiseta. Agora já sei e devo esse ensinamento interiamente à menina da entrada da biblioteca: suco de maça com água mineral não é água!

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Testicular Cancer

No filme Clube da Luta o personagem do Edward Norton procura um grupo reabilitalação de homens que tiveram câncer de testículo. Tudo isso para se curar da insônia. Ele fica curado e, como todos sabem, extravassa todos os limites com seu alter-ego Tyler Durden... 


Hoje a insônia me pegou. 


Deitei, rolei pr'um lado, rolei pro outro e nada. Contei ovelhas, jacarés, pinguins e micos-leão-dourado. Até elefantes que não pulam eu fiz pular as mais altas cercas na tentativa de trazer o sono. Nada. Imaginei-me pulando uma cerca e, claro, enrosquei meu pé no arame farpado o que causou uma onda de excitação que levou o sono para outras paragens. 


Estou eu aqui, 5.05 da manhã, ouvindo os primeiros pássaros e há 6 horas tentando dormir. Impossível. Inviável. Tentei ler. Nem um bocejo. Peguei um livro sabidamente ruim e de leitura complicada. O cérebro manda mais um pouco de adrenalina em virtude da complexidade do texto. Tomei um copo de leite. Um pequeno bocejo que, num átimo, se transforma em espirro. Mordo a língua. Xingo toda a evolução humana por não ter prescindido de uma língua e, ato contínuo, digo adeus à qualquer possibilidade de sono. 


Agora, com um pouco de algodão na boca para estancar o sangue da língua, já preparo um chá e, mesmo que os olhos não aguentem, vou fazer um pouco de burocracia da pesquisa (olhar a bibliografia de outros livros e artigos e ver o que me interessa). Quem sabe, numa dessas noites insônes, eu não cruze pelo meu "Universo em Desencanto" que me traga a energia racional e ajude a começar com a tese. Na pior das hipóteses acho o endereço de um grupo de apoio para paciente com câncer de testículos. Na melhor, e com muita sorte, desmaio (sono, enfim!) em função da hipovolemia.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Genial II

Boa também! Tirei daqui.

Genial

Depois de ver as notícas sobre a gripe asinina na Alemanha, uma amiga escreveu:
ATCHIM! ÓINK. Ops.
Sensacional.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Frase do Dia

"Tanto pior para o direito positivo, caso ele não esteja de acordo com a teoria"
G.-W. F. Hegel
* Tirei a citação de um artigo do Canaris sobre "Função, Estrutura e 'Falsificação' de teorias jurídicas". ** No original: "Umso schlimmer für das positive Recht, wenn es der Theorie nicht entspricht."

terça-feira, 28 de abril de 2009

Resumo em 4 fatos (reais) e 1 (imaginário)

Na Folha Online de hoje:
1) Mudança nas passagens do deputados. Cada deputado (senadores também!) tem um cota mensal de passagens aéreas para visitar as "bases eleitorais" ou andarem de lá pra cá. Os do DF ganham passagens para ir ao Rio (?!?!). Questão necessária: será que eles andam comprando as mais baratas, como as anunciadas pela TAM?! Eu, contribuinte em tempos de declaração do IR, espero sinceramente que sim. 2) Rogéria é a artista da família brasileira. Ela é a artista da sua família?! 3) Filha de ex-presidente da República pede demissão do cargo em comissão que ocupava. Ela era qualificada para a função?! Tanto faz como tanto fez. Além de ser honesta, a mulher (ou filha) de César tem que parecer honesta. Deveria ter aberto uma empresa de jogos eletrônicos. 4) Exploração política da doença. Pura e simples. Politicamente eficiente, mas moralmente discutível. 5) (Imaginário) Faltou uma brasileira dizendo que - também - tem um filho com o presidente do Paraguai.
PS - De longe é bem mais divertido!

domingo, 26 de abril de 2009

Brasil-il-il

Existe uma brasilidade?!
Eu sempre fui do time que não acredita que exista algo que una todos os brasileiros, exceção feita à nacionalidade. Nunca achei que houvesse denominadores comuns entre os brasileiros a ponto de se poder dizer que existe uma característica comum a todos, por mínima que fosse. De qualquer forma, mesmo não acreditando nisso, essa semana bateu a saudade de casa. O que eu fiz?! Corri pr'um supermercado especializado, comprei feijão preto e fiz uma feijoada*. Pensei em comprar limão e cachaça, mas achei que passaria do razoável. A trilha sonora foi Cartola Ao Vivo 1982. Pois então, existe a brasilidade?! Continuo achando que não, mas por via das dúvidas já comprei uns quilos extras de feijão... * Se no conceito de feijoada se puder entender "feijão preto com alguns tipos de línguiça alemã".

terça-feira, 21 de abril de 2009

Ô, Portuga!

Continuando nas citações... Essa é do João Pereira Coutinho e vale a risada:
OS LÍDERES PARLAMENTARES, em gesto de intocável beleza moral, resolveram nunca mais usar a palavra ‘autista’ para se sovarem na Assembleia. O ‘autismo’ é uma doença séria e o uso da palavra é um insulto para os ‘autistas’ e respectivas famílias. Nada a opor. O problema é que os delírios do pensamento politicamente correcto, quando começam, nunca mais acabam. E não se percebe como vão agir os nossos tribunos sempre que, no calor do debate, pretendam rebater intervenções ‘histéricas’, leis ‘cegas’ ou medidas governamentais ‘sem pernas para andar’. Eu, em nome da higiene verbal, evitava qualquer metáfora. E, em homenagem aos surdos-mudos, aconselhava os senhores deputados a trocarem a linguarem oral pela gestual, desde que isso não seja ofensivo para os manetas.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Roberto Goméz Bolaños

escreve o Fabrício, no que não poderia estar mais certo:
"Eduardo Galeano, Chávez? Sério? Não quer dar uma fitinha VHS do Chapolin, um LP do Agepê e um livro de poemas do Neruda, assim, só para complementar o pacto de mediocridade latino-americano? (com todo o respeito ao Chapolin, é claro)"
Como diria um amigo meu, 'subscrevo embaixo'.

domingo, 19 de abril de 2009

Zorra Total

Não se faz mais comédia como antigamente!

sábado, 18 de abril de 2009

Vai tomar no...

Todos sabem que oxítona terminada em 'u' não leva acento, certo?!
Nem todos...

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Racista, eu?!

Sei que já está um pouco passado, mas não podia deixar de meter a minha (irrelevantíssima) colher no meio desse caldo. Resumo: uma menina se declarou (auto-declaração, portanto) parda para entrar no sistema de cotas da Universidade Federal de Santa Maria (alma Mater dos meus pais). Após passar por um "Tribunal Racial" teve a sua matrícula cancelada. Ela não foi considerada, pelos componentes da dita Comissão, merecedora do qualificativo 'cotista' por não ter sido discriminada e por ter sido a primeira vez que se declarava 'parda'. Nas palavras do burocrata de plantão: "Ela respondeu que nunca sofreu discriminação, que nunca se considerou parda, que se considera mais clara que outros integrantes da sua família, e que, no vestibular, foi a primeira vez que se disse “parda”. Partindo do espírito das políticas de ações afirmativas, a comissão, que inclusive tem representantes do Movimento Negro, entendeu que ela não se sente participante desse grupo – destaca Cunha." A participação dos 'representates do Movimento Negro' ainda é uma incógnita para mim, mas tudo bem. Digamos que eles tenham competência (não no sentido jurídico!) para dizer quem é negro, pardo, amarelo, azul, cinza e vermelho. A questão é muito mais simples: a lei não lhes dá competência (aqui sim no sentido jurídico) para tanto! A lei apenas exige a declaração do próprio vestibulando como condição necessária e suficiente para a garantia de cotista. Ela estava de má-fé?! Não sei... Esse ponto, no entanto, não me parece o mais relevante. Aqui, onde atualmente passo meus dias, essa história de raça já deu o que falar. E culminou em tragédia de escala mundial. A simples idéia de um "Tribunal Racial" com a participação de quem quer que seja deve ser, rigorosa e imediatamente, banida de qualquer instituição estatal, tanto mais das Universidades! Se a auto-declaração não funciona, que se descubra outro método. Agora, um grupo de experts julgando quem é isso e quem é aquilo ofende os mais básicos princípios de um país que se quer igualitário.
* * * *
Não sou, nem nunca fui fã do Caetano Veloso, mas achei isso aqui bem bolado: "afro-isso, afro-aquilo (e a forma americana “African- American” é ainda pior) é um modo racista de falar. Um egípcio é africano. Um bôer da África do Sul também. O mesmo para tunisinos, marroquinos e argelinos. “Africano” não quer dizer “negro”. Mas mesmo que todos os africanos fossem pretos, seria racismo designar povos tão variados (inclusive fenotipicamente), oriundos do maior continente da Terra, por uma só palavra. Iorubanos não são bantos, malineses não são bundos, haussás não são gege. São povos com histórias diferentes e muitas vezes tingidas de inimizades milenares. Chamar um mulato filho de uma branca americana com um preto do Quênia de “African-American” é uma grosseria histórica. Essas expressões são “muito piores do que qualquer outra adotada espontaneamente pelas pessoas”, como você diz. Usá-las é adotar o olhar do traficante de escravos."
(na imagem, a afro-sul-africana-descendente Charlize Theron)