quinta-feira, 29 de março de 2012

RIP, Millôr


Ao contrário da morte do Chico Anysio, acho que a perda de Millôr Fernandes realmente deixa o Brasil - e os brasileiros - menos inteligentes e menos divertidos. Ele praticava um ceticismo erudito ou, talvez, uma erudição cética; ele era um cético simples e erudito, ou um homem simples, erudito e cético, ou um cético simples em sua erudição. E tudo ao mesmo tempo, numa mistura que, atualmente, poucos podem ser dar ao luxo. 
Os vídeos que coloquei após a morte do criador da Salomé de Passo Fundo serviam para mostrar que existiam outros que faziam humor - diferente, mas ainda assim humor - de alta qualidade na televisão brasileira. 
O que Millôr fazia não há igual. E, infelizmente, não haverá igual. 

*   *   *   *   *   *

Nem só Pelé vive a glória do esporte:

Millôr (modestamente) vai completar 5.000
Negócio seguinte: até hoje não tenho feito reivindicações quanto a direitos meus. No pretenso anarquismo que me atribuem, figura justamente o princípio da suprema maturidade em relação ao meu semelhante, ou seja, cumpro o meu dever sem exigir o meu direito. (A não ser quanto às autoridades. Ao contrário do que elas se arrogam, no Brasil, elas não têm nenhum direito e têm todas as obrigações.)

Assim, sendo, não faço barulhos que incomodem o próximo depois das dez (os barulhos que faço não incomodam) e não reclamo dos barulhos alheios. Quando o cara vem na contramão (eu sei que ele está apenas corrigindo mais uma burrice do Kamerade Celso Franco, dono do Detran) eu me afasto pra deixar ele passar e não grito indignado: "Contramão!". Os poucos prêmios que recebi por minhas atividades pseudo-artísticas, eu devolvi às comissões subintelectuais que me distinguiram (ofensa não!).

Mas agora, bem, agora é demais. Agora sofro injustiça tão grande, tão clamorosa, numa atividade a que estou tão intensamente ligado, que não posso deixar de protestar. Não tenho nada contra Pelé ser homenageado de todas as maneiras ao completar 1.000 vezes em que mostrou sua potência específica, vazando o adversário, fazendo balançar o véu da noiva. Mas acho o seu feito meio fajuto perto do meu. Eu merecia muito mais: estou, posso dizer em absoluta honestidade e precisão, me aproximando da cincomílima vez em que faço o mesmo. No meu campo, é claro. Que tem apenas 1,90 por 1,70, não atrai o público pagante, não tem crítica especializada, mas nem por isso é menos popular do que o Maracanã. Acontece, porém, que minha atividade é um pouco mais difícil do que a do Divino Crioulo. Não é mole não. Não é, nem pode ser.
Coisa esta: depois de precisa contabilidade, descontando todas em que minha memória pudesse estar me traindo, apelando para as memórias de velhas amigas com quem tive oportunidade de me confrontar em dias idos, cheguei à conclusão de que estou muito perto das 5.000. Aliás, sei com exatidão a conta mas não pretendo divulgá-la ainda, por motivos particulares, sobretudo para evitar pressões: "Como é Millôr, sai hoje a 5.000?" "Como é Millôr, entra hoje a 5.000?" "Epa, Millôr, quem é a tua Andrada?" "Como é, Millôr, a 5.000 vai ser na Bahia, ou aqui mesmo na Guanabara?"
Cinco mil! Muitos pensarão que exagero, mas acho que sou até modesto, que estou me colocando dentro da mais absoluta normalidade, numa sóbria média de 3 por semana (não sou nenhum caso A.D.), com apenas uma dezena de goleadas através de minha vida profissional. Dentro desse esquema tão raro (que é a normalidade) os 1.000 de Pelé, pra mim, são pinto. Pinto, eu disse? Escapou-se-me a palavra.
Como ele, já penetrei na meta adversária driblando outros, já entrei com bola e tudo, de bicicleta, de saída, quase no fim da jogada, quando pensavam que eu não ia conseguir alterar o marcador, já entrei de lado, com violência, na maciota, na banheira, com malícia. Em suma: posso dizer que já fiz profissionais competentes engolirem frango, nunca marquei gol contra e já joguei em todas as posições. Tive, sobre Pelé, apenas uma vantagem, o adversário também objetivava o gol. Queria deixar entrar.
Minha carreira começou numa pensão da Glória. Mariazinha sem sobrenome (o meu Zaluar), registrou meu primeiro tento, depois de impedir algumas tentativas (na verdade não apreciava muito o esporte).Seis ou sete anos depois eu completava, sem que a imprensa desse a menor notícia a respeito, a número 1.000. Meu Andrada foi uma moça de São Paulo, (sempre adorei São Paulo) e, como o craque argentino, também chorou de emoção, embora, acredito, não pelos mesmos motivos. E, nos meus 1.000, foi o adversário vencido quem beijou a(s) bola(s).
Meia dúzia de anos depois, também sem nenhuma badalação (e não era por falta de badalo) eu completava a 2.000. Já então havia televisão. Vocês pensam que o Heron e o Rubens Amaral se cumprimentaram pelo meu feito? Nunquinha. Nem tomaram conhecimento.
Também minha contagem de 3.000, da qual saí com séria luxação no menisco (é menisco que se chama, pois não?) passou despercebida de tudo e de todos. Às manchetes do dia eram sobre a guerra fria. É por isso que os jornais não vendem. Se O PASQUIM existisse, evidentemente, teria dedicado sua primeira página à paz quente.
A número 4.000, homologada em ambiente próprio, com uma praticante cheia de vigor, foi feita (a atitude de Pelé é pura imitação) em homenagem às crianças pobres, pois a moça se preveniu com pílulas para evitar aumento de população e suas conseqüências sobre o pauperismo nacional. Ainda desta vez a publicidade não registrou o fato, o feito, e eu, discretamente, fiquei na moita (que, aliás, era onde eu estava).
Mas, agora, chega! Agora os veículos de publicidade têm que tomar conhecimento, a mass mídia tem que reconhecer e propagar o que faço. Agora a injustiça tem que ser reparada. Agora a imprensa tem que acompanhar passo a passo os meus passos, a televisão tem que mandar seus câmaras atrás de mim pra me dar cobertura enquanto eu, por minha vez, dou a minha.
Ainda não decidi, nem cabe a mim decidir sozinho (pois a coisa depende de circunstâncias e oportunidades) onde, como e com quem vou me defrontar para a 5.000. Terá, naturalmente, que ser com uma adversária à altura. Parece que o governo da Guanabara já está disposto a me oferecer a Praça General Osório, pra que a imprensa estrangeira possa também fotografar o magno acontecimento. Depois do sucesso do entrevero entre dois jovens na Ilha de Wight todos concordam em que esse esporte de alcova tende a se tornar público. De qualquer modo, o local ainda não está definitivamente resolvido, nem a modalidade conveniente para o ato que deverá motivar os mais jovens, tão carentes, ao que dizem, de inspiração nesse setor.
Questão fica assim: preciso me resguardar pra não realizar a 5.000 em local inconveniente ou momento inesperado, cedendo à provocação de uma amadora ocasional. Pois é evidente que vai haver muita provocação por parte de pessoas não credenciadas, que quererão participar da glória do evento. Tenho que me cuidar para que não me raptem, não me forcem, não me obriguem à 5.000 em local indevido, hora imprópria, pessoa inadequada. Também antes que os gozadores (lato senso) da praça (General Osório) comecem a propalar que talvez eu não consiga, que talvez eu pincele (o verbo pincelar vai aqui em homenagem aos pudicos, para não usar palavra referente a pincel mais grosso), afirmo logo que considero isso natural, no caso, e acredito mesmo que consiga chegar às 5.000 com excessiva facilidade. Pelé não tremeu, não se emocionou, não demorou a marcar o seu modesto milheiro? Nada mais natural que eu também fracasse algumas vezes diante da meta (atenção revisão: sem circunflexo ). A responsabilidade é enorme, o país inteiro está de olho em mim.
Mas eu chego lá. E garanto que, desta vez, tenho à mão inúmeros meios de divulgação, para registrar o feito histórico, senão único, pelo menos raríssimo neste mundo de incomunicabilidades. Pois a aldeia é global, mas ninguém come ninguém.
E, seja como for, mesmo que toda a imprensa comprometida com a glória de Pelé me ignore, me abandone, me sabote, tenho comigo, fielmente, os meus amigos d'O Pasquim, que já se cotizaram e, na passagem do grande acontecimento, vão, publicamente, me oferecer não uma, mas duas bolas de ouro.



O Pasquim n° 25, Dezembro/1969. Copiei daqui

Caruaru

Há uns tempos comentava com um amigo que um dos defeitos do Brasil é a ausência de uma elite. 
Palavra muitas vezes considerada um anátema, a elite em uma sociedade democrática e desenvolvida é, além de inevitável, indispensável. Precisa-se de uma elite para pensar, para criticar, para comandar, para, enfim, liderar quem não tem condições de fazer o que uma elite faz. 
Explicação óbvia, mas necessária: ser da elite não significa ser rico, ser playboy, milionário, afetado, etc., etc., etc. Antes pelo contrário. Uma elite pode se desenvolver também em grotões, com muito mais dificuldades, mas é possível. Um Chico Buarque não veio do nada; da mesma forma um Gilberto Amado; muito menos um Raymundo Faoro. Há uma frase do escritor francês Victor Hugo que diz: se quer civilizar alguém, comece pelos seus avós. E assim é. Enfim, continuemos. 
Dizia eu a esse amigo, que a nossa elite costuma ser ignorante, inculta, mesquinha, corrupta, preconceituosa, autocentrada, ególatra e egoísta. E, para nossa infinita tristeza, nossa elite é brega. Infinitamente brega. Incomparavelmente brega. Tristemente brega. Toscamente brega. Confunde riqueza com ostentação. Possibilidades com desperdício. Privilegia a aparência sobre o conteúdo; compra arte por que é cool ou hype, não por que entende que a arte é ao mesmo tempo uma busca pelo belo e um mecanismo de mudança social e contestação por excelência. Que não consegue diferenciar bom gosto do engodo do marketing. Que prefere o simulacro à realidade. Enfim, uma elite que não vê grande importância em cultura, em estudo, em educação. Mas vê muita importância em champagne. Que brilha no escuro, pois não?!

Ser mais fútil que Paris Hilton não é tarefa fácil. Parabéns, sr. Empresário Brasileiro!










































Quando estava pronto a me desesperar, li um dos comentários que, felizmente, salvou o dia. Zéferino (que é Zé e também é ferino) Brasilino mostra que, independentemente de nome e sobrenome, é possível ser da mais alta elite brasileira. Com senso de humor. E de proporção. Sem deixar de lado o bom gosto. 

Não representa a opinião do jornal, mas representa a opinião da elite caruarense.


sábado, 24 de março de 2012

Wittgenstein



Alguns poucos amigos sabem que eu estou traduzindo um livro do alemão para o português. Alguns outros amigos sabem qual livro é. Para os que não sabem, não se preocupem, não é nenhum best-seller. Mas o importante deste post não é a tradução em si, mas a dificuldade em encontrar palavras. Sim, palavras.
Um relato pessoal: há uns tempos minha família e eu fomos fazer uma viagem e, lá pelas tantas, meus pais (a quem amo incondicionalmente, mesmo depois desse episódio) me convenceram a trocar o ar-condicionado do meu quarto pela visita a uma "praia paradisíaca". Relutei, relutei, relutei, mas cedi. Que engano. 
Fomos numa van, sem ar condicionado (aqui há duas versões: a minha é a de que não havia ar-condicionado; a do meu paizão é de que havia, isso sim, um ar quente funcionando a milhão bem embaixo do banco dele) em direção ao paraíso terrestre. Lá pelas tantas, minha amada irmã já estava ficando branca e com pressão baixa em função do calor e eu, com toda a raiva acumulada do mundo, falei:
"Wittgenstein tem uma frase que diz que 'os limites da minha linguagem são os limites do meu mundo'. Não há mundos e nem palavras suficientes para descrever o meu arrependimento."
Minha mãe, que me ama muito, achou aquilo tudo muito engraçado e não conseguia parar de rir; a motorista da van achou que estávamos rindo dela e fechou a janela. O único calmo era o meu irmão, a pessoa mais sensacional do mundo (também nessas situações). E o sol, que olhava lá do alto, mandou mais alguns raios para nos castigar. 
Lembrei disso quando estava revisando a tradução. Como  traduzir isso? Não há palavra em português. Mas e se a tal palavra sequer está dicionarizada em alemão? E como traduzir aquilo? E aquela outra lá? Impossível, melhor explicar. 
Aí perco 3, 4 até 5 linhas para explicar uma palavra. E explicar, em si, não é conferir a minha interpretação ao significado da palavra que, a outro leitor, poderia ser diferente? Como escreveu Roland Barthes na sua Leçon, o poder da linguagem não é o que ela nos permite dizer, mas o que ela nos obriga a dizer. Divago. 
O que eu realmente queria escrever era: as dificuldades da tradução em nada se comparam à saudade que sinto do todos aqueles que eu amo e que estão longe. Mas para isso me faltam palavras. Dizer tenho saudade é limitado demais. 





Ter saudades é viver.
Não sei que vida é a minha
Que hoje só tenho saudades
De quando saudades tinha. 

Passei longe pelo mundo. 
Sou o que o mundo seu fez,
Mas guardo na alma da alma
Minha alma de português. 

E o português é saudades
Porque só as sente bem
Quem tem aquela palavra
Para dizer que as tem. 

Fernando Pessoa, Ter saudades é viverPoesia do Eu, Assírio&Alvim, 2006




RIP, Chico Anysio.




Ou, para rir mesmo, aqui (aviso: politicamente incorretíssimo).
E que se note: nos dias de hoje, tanto Mussum quanto Costinha, diante das sensibilidades exageradas, seriam processados, quiça presos. Crime é crime, afinal. E humor é qualquer coisa, menos crime, certo?!

sexta-feira, 23 de março de 2012

Tributos, ontem e hoje


"É mal que vem de trás, dos tempos do Brasil colônia. Portugal, ao tomar posse da terra nova, cuidou de uma coisa só: o Fisco.  A colônia existia para o Fisco. A Fazenda Real era tudo e os interesses do povo eram nada. E o Fisco se organizou atendendo unicamente às suas conveniências. O Fisco organizou-se cá muito a cômodo, sem respeitar coisa nenhuma além do seu  interesse - pessimamente entendido, aliás. Veio depois a Independência, a Monarquia, a República, e em todas estas mudanças se mexeu em tudo, menos no Fisco... E o país que se desiluda. Não haverá progresso possível enquanto não houver mudança na mentalidade a este respeito.” 
Acima vai a transcrição de um parágrafo do livro Mr. Slang e o Brasil, de Monteiro Lobato. Mais conhecido por ser o criador do Sítio do Picapau Amarelo, o escritor foi um importante crítico social no início do século passado. Mr. Slang e o Brasil, publicado em 1927, traz as opiniões de um inglês que, vivendo no Rio de Janeiro, passa a vida a analisar as mazelas que atingem nosso país. Dotado de grande espírito crítico, Monteiro Lobato traça um importante panorama da realidade tributária brasileira da época, focando sua crítica na elevada carga tributária e na burocracia impostas aos cidadãos brasileiros.
Qualquer semelhança com a realidade atual não é mera coincidência. Ano após ano, Receita Federal e Estadual anunciam novos recordes de arrecadação, numa sistemática que faz com que o contribuinte trabalhe mais de quatro meses apenas para o pagamento de tributos. Isso sem contar a monstruosa quantidade de contadores, advogados, consultores e auditores necessários para se manter atualizado nas constantes mudanças da legislação ou para manter uma escrituração fiscal correta. Essa interminável burocracia consome tempo e recursos preciosos, que poderiam ser efetivamente utilizados para aumentar a produção das empresas, gerando mais empregos e melhorando a renda dos trabalhadores. 
Tais fatos demonstram que, acima de tudo e de todos, está o interesse do Estado em arrecadar cada vez mais. Direitos e garantias presentes na Constituição e nas leis são, muitas vezes, abertamente violados apenas para não gerar “um rombo no orçamento”.
Com o início de mais um ano, é nosso dever como cidadãos sugerir e cobrar de nossos governantes uma reforma tributária que otimize a utilização dos recursos públicos, torne mais eficiente e menos burocrática a administração tributária, traga mais racionalidade à sistemática fiscal e, acima de tudo, seja mais justa na distribuição da carga tributária sobre os contribuintes. 
Em outras palavras: precisamos de uma mudança de mentalidade, com uma reforma que não busque bater recordes de arrecadação, mas que possibilite o equilíbrio entre as reais necessidades financeiras do Estado e os direitos e liberdades dos contribuintes. Usando as palavras do próprio Monteiro Lobato, escritas há mais de oitenta anos e inteiramente válidas ainda hoje: 
"Com o regime de impostos que tem, com os vícios burocráticos que alimenta, ainda é muito que o Brasil faça o que faz."


quarta-feira, 21 de março de 2012

Receita



Ontem, arrumando uns papéis, encontrei duas folhas com o texto que copio abaixo. Ficou bastante conhecido à época e merece, ainda hoje - 12 anos depois - ser lido e relido. E guardado em folhas avulsas para, daqui mais uns anos, ser lido e relido novamente. 
A conclusão é uma só: algumas coisas nunca mudam. 

*  *  *  *  *  *  *  *  *  *
Como escrever a tese certa e vencer

José Murilo de Carvalho


Ter que fazer uma tese de doutoramento na incerteza de como será recebida e na insegurança quanto ao futuro da carreira é experiência traumática. Quando passei por ela, gostaria de ter tido alguma ajuda. É esta ajuda que ofereço hoje, após 30 anos de carreira a um hipotético doutorando, ou doutorando, sobretudo das áreas de humanidade e ciências sociais. Ela não vai garantir êxito, mas pode ajudar a descobrir o caminho das pedras.
Dois pontos importantes na feitura da tese ou na redação de trabalhos posteriores são as citações e o vocabulário. Você será identificado, classificado e avaliado de acordo com os autores que citar e a terminologia que usar. Se citar os autores e usar os termos corretos estará a meio caminho do clube. Caso contrário, ficará de fora à espera de uma eventual mudança de cânone, que pode vir tarde demais. Começo com os autores. A regra no Brasil foi e continua sendo: cite sempre e abundantemente para mostrar erudição. Mas, atenção, não cite qualquer um. É preciso identificar os autores do momento. Eles serão sempre estrangeiros. No momento, a preferência é para franceses, alemães e ingleses, nesta ordem. Entre os franceses, estão no alto Ricoeur, Lacan, Derrida, Deleuze, Chartier, Lefort. Foucault e Bourdieu ainda podem ser citados com proveito. Quem se lembrar de Althusser e Poulantzas, no entanto, estará vinte anos atrasados, cheirará a naftalina. Se for para citar um marxista, só o velho Gramsci, que resiste bravamente, ou o norte-americano F. Jameson. Entre os alemães, Nietzsche voltou com força. Auerbach e Benjamin, na teoria literária, e Norbert Elias, em sociologia e história, são citações obrigatórias. Sociólogos e cientistas políticos não devem esquecer Habermas. Dentre os ingleses, Hobsbawm. P. Burke e Giddens darão boa  impressão. Autores norte-americanos estão em alta. Em ciência política, são indispensáveis. R. Dahl ainda é aposta segura. Rorty e Rawls continuam no topo. Em antropologia, C. Geertz pega muito bem, o mesmo para R. Darnton e H. White em história. Não perca tempo com latino-americanos (ou africanos, asiáticos, etc.). Você conseguirá apenas parecer um tanto exótico.
Brasileiros não ajudarão muito, mas também não causarão estrago se bem escolhidos. Um autor brasileiro, no entanto, nunca poderá faltar: seu orientador ou orientadora. Ignorá-lo é pecado capital. Você poderá ser aprovado na defesa de tese, mas não terá seu apoio para negociar a publicação dela e muito menos a orelha assinada por ele. Se o orientador não publicou nada, não desanime. Mencione uma aula, uma conferência, qualquer coisa.
O vocabulário é a outra peça chave. Uma palavra correta e você será logo bem visto. Uma palavra errada e você será esnobado. Como no caso dos autores, no entanto, é preciso descobrir os termos do dia. No momento, não importa qual seja o tema de sua tese, procure encaixar em seu texto uma ou mais das seguintes palavras: olhar (as pessoas não vêem, opinam, comentam, analisam, elas têm um olhar); descentrar (descentre sobretudo o Estado e o sujeito); desconstruir (desconstrua tudo ); resgate (resgate também tudo o que for possível, história, memória, cultura, Deus e o diabo, mesmo que seja para desconstruir depois); polissêmico (nada de “mono”); outro, diferença, alteridade (é a diferença erudita), multiculturalismo (isto é básico : tudo é diferença, fragmente tudo, se não conseguir juntar depois, melhor); discurso, fala, escrita, dicção (os autores teóricos produzem discurso, historiadores fazem escrita, poetas têm dicção); imaginário (tudo é imaginado, inclusive a imaginação), cotidiano (você fará sucesso se escolher como objeto de estudo algum aspecto novo do cotidiano, por exemplo, a história da depilação feminina); etnia e gênero (essenciais para ficar bem com afro-brasileiros e mulheres); povos (sempre no plural, “os povos da floresta”, “os povos da rua”, no singular caiu de moda, lembra o populismo dos anos 60, só o Brizola usa); cidadania (personifique-a: a cidadania fez isso ou aquilo, reivindicou, etc.). Para maior efeito, tente combinar duas ou mais dessas palavras. Resgate a diferença. Melhor ainda: resgate o olhar do outro. Atinja a perfeição: desconstrua, com novo olhar, os discursos negadores do multiculturalismo. E assim por diante.
Como no caso dos autores, certas palavras comprometem. Você parecerá démodé se falar em classe social, modo de produção, infra-estrutura, camponês, burguesia, nacionalismo. Em história, se mencionar descrição, fato, verdade, pode encomendar a alma.
Além dos autores e do vocabulário, é preciso ainda aprender a escrever como um intelectual acadêmico (note que acadêmico não se refere mais à Academia Brasileira de Letras, mas à universidade). Sobretudo, não deixe que seu estilo se confunda com o de jornalistas ou outros leigos. Você deve transmitir a impressão de profundidade, isto é, não pode ser entendido por qualquer leitor. Há três regras básicas que formulo com a ajuda do editor S. T. Williamson. Primeira: nunca use uma palavra curta se puder substituí-la por outra maior: não é “crítica” mas “criticismo”. Segunda: nunca use só uma palavra se puder usar duas ou mais: “é provável” deve ser substituído por “ a evidência disponível sugere não ser improvável”. Terceira: nunca diga de maneira simples o que pode ser dito de maneira complexa. Você não passará de um mero jornalista se disser: “os mendigos devem ter seus direitos respeitados”. Mas se revelará um autêntico cientista social se escrever: “o discurso multicultural, como ser desconstrutor da exclusão, postula o resgate da cidadania dos povos  da rua”.
Boa sorte.

Publicado em Globo, 16 dez. 1999, p. B3

terça-feira, 20 de março de 2012

Grasnar



Espanto da semana

Chego no Instituto, ligo o computador, começo a ler as notícias do dia e me deparo com a seguinte manchete: 
Paro tudo, clico e começo a ler. Leio com afinco até o seguinte parágrafo: 
"As produtoras estão parando porque este mercado [de DVDs] está acabando", diz Valter José, filósofo especialista em Kant e diretor de filmes pornôs. "Hoje, o formato do pornô no mundo inteiro já combina com a internet", explica. (grifei)
Será que a conduta dele é universalizável? Ou ainda, será que os atores e as atrizes dos filmes do filósofo especialista em Kant são sempre tratados como fins em si mesmo ou, parece-me o mais provável, são meros meios? 



domingo, 18 de março de 2012

Provocação


Gesundheit

No final de semana fui até uma cidadezinha no centro da Alemanha para dar uma palestra sobre direitos humanos na América Latina. O tema, como todos sabem, é chato e não inspiraria maiores atenções dos meus leitores. 
Escrevo, pois, sobre algo que aconteceu depois do evento, durante o almoço e que, como todos verão, é muito mais interessante. Fomos ao restaurante do próprio hotel e eu, já aliviado depois de ter que falar por quase duas horas em alemão sobre um tema que não é a minha área de especialidade, queria relaxar com uma boa cerveja e boa comida. 
Pedi um item do cardápio e uma "halbes" (meio litro) de cerveja Pils. A cerveja me foi entregue alguns minutos depois, em temperatura adequada (leia-se morna). 
Conversando com outros participantes do seminário vi que a garçonete - uma senhora de seus 50 anos - trazia os pratos de comida. Enquanto ela se dirigia em direcao à minha mesa percebi que, de repente, não mais que de repente, ela deu uma espirrada. Aliás, uma senhora espirrada. Vi que ela não tinha tido tempo de virar o rosto e, menos ainda, de proteger boca e nariz com uma mão, já que carregava um prato em cada. 
Acertou quem disse que o prato e, por consequência, os resíduos do espirro  eram meus. Não querendo parecer chato, agradeci e desejei saúde. Comi, com mastigadas rápidas, pensando no vídeo abaixo. 

Toda vez que eu chego em casa...


Ontem à noite me pus a pensar sobre o tema da intimidade e da privacidade. Questões altamente interessantes, que estão intimamente (ops!) ligadas à própria ideia de liberdade. 
Afinal, quem dita o que é privacidade e o que é intimidade e, mais importante, quem define o limite onde o(s) outro(s) pode(m) se intrometer? 
Fiquei pensando, seriamente, se haveria um dever fundamental de manter a própria intimidade. Escrevi aqui que eu “sempre acreditei que a morte fosse o mais privado dos acontecimentos.” Continuo pensando exatamente o mesmo. Acrescento a isso as atividades fisiológicas necessárias, as atividades sexuais, as brigas entre familiares e cônjuges e, muito especialmente, os gritos da minha vizinha.
Ontem, repetindo uma situação de semanas, chego em casa, cansado, e me deparo com a jovem gritando, gemendo, urrando, e dizendo palavrões (em alemão eles se intensificam, acreditem!) a plenos pulmões. Outros barulhos, além dos intermináveis gritos, indicavam que estava rolando o clássico saturday night com o namorado/marido/caso. 
Aos que já começaram mentalmente criticar a minha postura como reacionária, carola, reprimida, etc. e etc, informo que não se trata da minha vizinha de prédio ou do prédio contíguo. Ou mesmo de porta. Não, nada disso. Ela mora do outro lado da rua. Sim, uma rua inteira, com duas pistas e mais um largo espaço para os alemães estacionarem seus carrinhos, nos separa. Além disso, minha janela estava apenas entreaberta. A dela, incrivelmente, também.  
Isso me levou a pensar se é necessário que protejamos a nossa intimidade e privacidade dos outros. Temos um dever fundamental de não nos expormos? Ou de não submeter outros aos nossos atos mais íntimos? E se isso for verdade, como conciliar com a liberdade que eu tanto admiro? 
Enfim, como eu escrevi acima, é bastante provável que ambos estivessem em pleno ato sexual. Mas, há dúvidas entre a platéia que se formou abaixo da sua janela, poderia ser que alguém a estivesse cortando em pedaços, sem anestesia. Os gritos, diziam alguns, são de dor, não de prazer. Por mim, já tenho a solução: se ela estiver morta, ele será duramente penalizado nos termos da lei alemã, podendo ficar preso por anos e anos; se ela estiver viva, bem, além do expressivo sorriso no rosto que ela deve carregar, erguerei uma estátua em homenagem ao herói.
Toda vez que eu chego em casa, a vizinha do Pedrinho já está gritando...

terça-feira, 13 de março de 2012

Frases (e risada) da semana


O indivíduo pede que lhe entreguem uma pizza e o sacaneta corrige: é delivery, senhor. É delivery a mãe dele, minha pizza é entregue, eu faço questão de que ela seja en-tre-gue! Se o governo não garante nada, pelo menos garanta que a gente vai continuar a entender o que se fala. Eu vou contar o que esse infeliz me disse. A pizza já estava demorando quase uma hora e aí eu liguei para reclamar e sabem o que ele falou? Ele disse "Eu tinha colocado para o senhor de que a delivery ia estar atrasando". Foi isso o que ele me disse e eu quase vou lá com minhas pistolas para fazer justiça pessoalmente e restaurar o primado do homo sapiens, é legítima defesa, estão assassinando a língua portuguesa, são uns antropoides!
*  *  *  *  *  

Só creio que isso pudesse acontecer, ainda que muito remotamente, em São Paulo, onde hoje é bem mais fácil ser assaltante do que fumante. Se o assaltante estiver fumando, duvido que assalte qualquer coisa em Congonhas, por exemplo, porque, assim que passar por baixo da marquise, um ou dois policiais o pegarão. Já assalto simples, sem cigarro, é outra coisa. 

Baiano burro (aliás, mentalmente prejudicado, para não ofender o burro e incutir nas crianças desprezo por um animal tão útil à humanidade) nasce morto, bem sei, mas não se fazem mais baianos como antigamente e não duvido que surja um grupo na Bahia, empenhado em abolir termos e expressões como "baianada" e "gelo de baiano". E certamente apoiarão seus irmãos paulistas na justa revolta destes, ao serem informados de que lombo de carne de boi é chamado na Bahia de "paulista" e que muitos baianos, a cada dia, dizem casualmente "hoje eu vou comer um paulista lá em casa".

Para ler a íntegra (recomendo fortemente!) aqui e aqui

segunda-feira, 12 de março de 2012

É pouco.


Um pequeno comentário apenas. 
Há algumas semanas tem se discutido a necessidade e adequação de magistrados terem direito a 60 dias de férias, mais licença-prêmio remunerada a cada cinco anos. Trata-se de situação não encontrada em outras áreas e que, segundo muitos, não se justifica, uma vez que magistrados são trabalhadores como quaisquer outros. Nunca pensei longamente sobre o assunto, mas tendo a achar que se trata de um privilégio injustificável, mas que a nossa formação histórica explica. Repito: explica, mas não justifica.
Recordei essa discussão a propósito do referendo suíço sobre o aumento das férias das atuais quatro para seis semanas. A população (vox populi vox dei?) votou contra. Lá, como se pode ver, o pessoal gosta mesmo é de trabalhar. 
Fico cá me perguntando qual seria o resultado de um referendo semelhante na terra do carnaval. Adianto meu voto: eu sou a favor. E vou além. Seis semanas de descanso remunerado por ano é pouco para qualquer trabalhador. Desde o mais singelo recolhedor de fragmentos usados (gari e lixeiro) ao mais dedicado físico teórico, passando por magistrados e manicures. Defendo, portanto, dois meses para todos. Começo a campanha, já esperando adesões aos milhões:


 Referendo por 60 dias de férias JÁ!
Seis semanas disso? É pouco. 

Uma curiosidade: neste referendo os moradores de Zurique aprovaram uma resolução que determina a remoção das casas de prostituição dos bairros residenciais e a construção de uma área própria para essa atividade, que na Suíça é legalizada e regulamentada. Aos meus amigos suíços já esrevi sugerindo o nome da rua onde colocarão todas as casas de tolerância. Sim, é relacionado a um evento histórico que nós, gaúchos, nos orgulhamos muito. Faz sentido, não?

sábado, 10 de março de 2012

Comer gente é errado?


algumas semanas recebi um email de um conhecido, também doutorando, indicando um site para baixar livros. Infelizmente o site era bloqueado na Alemanha e eu não consegui baixar nada. De qualquer forma, depois de ter recebido a minha última encomenda da Amazon, fiquei me perguntando se era realmente necessário que eu tivesse acesso ao tal site. 
Primeiro, uma foto. Esclarecimentos vêm depois. 

Pois bem, fuçando na Amazon, descobri esse livro que eu namorava há meses e achava caro (novo custa 25 euros). Estava me enrolando para comprar, muito em função de ser uma leitura de prazer e não uma obrigação acadêmica. 
Semana passada recebi o livro, em perfeito estado. Pode-se dizer que é um livro novo, apesar de não ser. Não há qualquer anotação, risco, marca, dobra, amasso, nada. 

Nada de maliciar o título, pessoal! 
Pois bem, por US$3,13 (que pela cotação de hoje dá algo como €2,30 ou R$5,30) eu adquiri um exemplar do livro. 
Poderia tê-lo baixado de graça? Com algum esforço, acredito que fosse possível. Mas aí haveria dois problemas principais: o primeiro, e mais óbvio, é que eu teria que ler diretamente no computador, o que não me agrada nada; o segundo, e o que provoca discussões acaloradas atualmente, eu estaria violando os direitos do autor e da editora. 
Deixando a segunda discussão de lado, o fato é que agora eu estou lesto e faceiro com o meu livrinho novo(!), que custou menos da metade de um café  médio no Starbucks (que eles teimam em chamar de grande). 
Obviamente que nem todos os livros que eu gostaria de comprar estão disponíveis em sebos ou sites de livros usados; e se estão, não custam essa barbaridade de 50 centavos. Bom, paro por aqui, já que disse que não iria entrar na questão (interessante, controversa e, por vezes, mais ideológica que jurídica) dos direitos de autor e/ou propriedade intelectual. 

Depois eu conto que tal é o livro, mas o título promete... Mais um que eu terei de ler até o final! 

domingo, 4 de março de 2012

Frase da Semana, O Retorno

"Título de Sir? Não, obrigado." 
 Peço perdão aos meus leitores para, excepcionalmente, termos duas frases da semana. Se quiserem, como já é domingo, coloquem na conta da próxima semana.

"The rule of law bakes no bread, it is unable to distribute loaves or fishes (it has none), and it cannot protect itself against external assault, but it remains the most civilized and least burdensome conception of a state yet to be devised. And we owe it, not to the theorists, but to the peoples who, above all others, have shown a genius for ruling: the Romans and the Normans."
Michael Oakeshott, The Rule of Law, 1983, p. 178

Tenho plena convicção de que Oakeshott, apesar de ser um dos maiores (se não o maior) pensadores conservadores/liberais do século passado, é largamente desconhecido no Brasil (e no resto do mundo). Mas isso não impede que se indique a leitura. Vale a pena. Vale muito a pena.

sábado, 3 de março de 2012

Frase da semana


"O maior jugo de um reino, a mais pesada carga de uma república, são os imoderados tributos. Se queremos que sejam leves, se queremos que sejam suaves, repartam-se por todos. Não há tributo mais pesado que o da morte, e contudo todos o pagam, e ninguém se queixa; porque é tributo de todos."
Pe. António Vieira, Sermão de Santo António, na Igreja das Chagas em Lisboa, 1642.
Na imagem abaixo, pode-se ler a versão publicada em Coimbra em 1672:
Clique aqui para ver o Sermão completo
(reparem especialmente nos delicados dedos que fizeram a digitaliza
ção). 

E pra quem gosta do Pe. Vieira, sugiro ler e ver isso aqui

sexta-feira, 2 de março de 2012

Febeapá Redux


É conhecida a compilação feita por Stanislaw Ponte Preta, pseudônimo de Sérgio Porto, do Festival de Besteira que assola o País, apelidado carinhosamente de Febeapá. Nos volumes da coletânea original estavam leis, regulamentos, declarações e reportagens absurdas e/ou esdrúxulas: 


Clique na imagem para ler. 


Tendo o Febeapá original como modelo, e já tendo feito um pequeno levantamento antigamente, e também porque tinha que fazer a pesquisa novamente, preparei uma pequena lista, começando em 2010 e terminando nos dias de hoje, sobre as leis que nos regem. Abaixo seguem as principais -  leis estas que foram discutidas, votadas, aprovadas e sancionadas por nossos dignos representantes eleitos. 
    • Lei 12.591Reconhece a profissão de Turismólogo e disciplina o seu exercício.
    • Lei 12.533 - Institui o Dia Nacional de Conscientização sobre as Mudanças Climáticas. 
    • Lei 12.468 - Regulamenta a profissão de taxista.
    • Lei 12.467 - Dispõe sobre a regulamentação do exercício da profissão de Sommelier.
    • Lei 12.389 - Dispõe sobre a instituição do Dia Nacional do Calcário Agrícola.
    • Lei 12.386 - Institui o dia 6 de dezembro como Dia Nacional do Extensionista Rural.
    • Lei 12.285 – Institui Apucarana/PR como a capital nacional do boné.
    • Lei 12.316 – Institui o Dia Nacional do Fiscal Federal Agropecuário.
    • Lei 12.303 – Institui a obrigatoriedade do exame de Emissões Otoacústicas Evocadas.
    • Lei 12.301 – Constitui o Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas – Feira Nordestina de São Cristóvão como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil.
    • Lei 12.282 – Institui Imbituba como capital nacional da baleia franca.
    • Lei 12.238 – Institui o Município de Ipê/RS como Capital Nacional da Agricultura Ecológica.
    • Lei 12.208 – Institui o Dia do DeMolay.
    • Lei 12.206 – Institui o Dia Nacional da Baiana de Acarajé.
    • Lei 12.199 – Institui o Dia Nacional de Combate e Prevenção ao Escalpelamento.
    • Lei 12.198 – Regulamenta a profissão de repentista.
    • Lei 12.193 - Designa como Dia da Inovação o dia 19 de outubro.
    • Lei 12.103 – Institui o Dia Nacional do Bumba Meu Boi.
    • Lei 12.092 – Institui o Dia Nacional do Cerimonialista.
    • Lei 12.068 – Institui o Dia do Pescador Amador.
    • Lei 12.054 – Institui o Dia do Movimento Pestalozziano no Brasil.
    • Lei 12.025 – Institui o Dia Nacional da Marcha para Jesus.
    • Lei 11.928 – Institui o Dia do Vaqueiro Nordestino.
    • Lei 11.926 – Institui o Dia Nacional da Bossa Nova.

Vejam, vocês, meu leitores queridos e inteligentes, que há uma lei apenas para fixar os critérios que definem o que é uma data comemorativa de alcance e abrangência nacional. Há uma, muito especial, mas que ficará guardada para quando o dia chegar. Vocês perdem por esperar; e perdem muito. 
Enfim, Stanislaw Ponte Preta, se vivo, ficaria muito orgulhoso.