quinta-feira, 30 de abril de 2009

Genial II

Boa também! Tirei daqui.

Genial

Depois de ver as notícas sobre a gripe asinina na Alemanha, uma amiga escreveu:
ATCHIM! ÓINK. Ops.
Sensacional.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Frase do Dia

"Tanto pior para o direito positivo, caso ele não esteja de acordo com a teoria"
G.-W. F. Hegel
* Tirei a citação de um artigo do Canaris sobre "Função, Estrutura e 'Falsificação' de teorias jurídicas". ** No original: "Umso schlimmer für das positive Recht, wenn es der Theorie nicht entspricht."

terça-feira, 28 de abril de 2009

Resumo em 4 fatos (reais) e 1 (imaginário)

Na Folha Online de hoje:
1) Mudança nas passagens do deputados. Cada deputado (senadores também!) tem um cota mensal de passagens aéreas para visitar as "bases eleitorais" ou andarem de lá pra cá. Os do DF ganham passagens para ir ao Rio (?!?!). Questão necessária: será que eles andam comprando as mais baratas, como as anunciadas pela TAM?! Eu, contribuinte em tempos de declaração do IR, espero sinceramente que sim. 2) Rogéria é a artista da família brasileira. Ela é a artista da sua família?! 3) Filha de ex-presidente da República pede demissão do cargo em comissão que ocupava. Ela era qualificada para a função?! Tanto faz como tanto fez. Além de ser honesta, a mulher (ou filha) de César tem que parecer honesta. Deveria ter aberto uma empresa de jogos eletrônicos. 4) Exploração política da doença. Pura e simples. Politicamente eficiente, mas moralmente discutível. 5) (Imaginário) Faltou uma brasileira dizendo que - também - tem um filho com o presidente do Paraguai.
PS - De longe é bem mais divertido!

domingo, 26 de abril de 2009

Brasil-il-il

Existe uma brasilidade?!
Eu sempre fui do time que não acredita que exista algo que una todos os brasileiros, exceção feita à nacionalidade. Nunca achei que houvesse denominadores comuns entre os brasileiros a ponto de se poder dizer que existe uma característica comum a todos, por mínima que fosse. De qualquer forma, mesmo não acreditando nisso, essa semana bateu a saudade de casa. O que eu fiz?! Corri pr'um supermercado especializado, comprei feijão preto e fiz uma feijoada*. Pensei em comprar limão e cachaça, mas achei que passaria do razoável. A trilha sonora foi Cartola Ao Vivo 1982. Pois então, existe a brasilidade?! Continuo achando que não, mas por via das dúvidas já comprei uns quilos extras de feijão... * Se no conceito de feijoada se puder entender "feijão preto com alguns tipos de línguiça alemã".

terça-feira, 21 de abril de 2009

Ô, Portuga!

Continuando nas citações... Essa é do João Pereira Coutinho e vale a risada:
OS LÍDERES PARLAMENTARES, em gesto de intocável beleza moral, resolveram nunca mais usar a palavra ‘autista’ para se sovarem na Assembleia. O ‘autismo’ é uma doença séria e o uso da palavra é um insulto para os ‘autistas’ e respectivas famílias. Nada a opor. O problema é que os delírios do pensamento politicamente correcto, quando começam, nunca mais acabam. E não se percebe como vão agir os nossos tribunos sempre que, no calor do debate, pretendam rebater intervenções ‘histéricas’, leis ‘cegas’ ou medidas governamentais ‘sem pernas para andar’. Eu, em nome da higiene verbal, evitava qualquer metáfora. E, em homenagem aos surdos-mudos, aconselhava os senhores deputados a trocarem a linguarem oral pela gestual, desde que isso não seja ofensivo para os manetas.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Roberto Goméz Bolaños

escreve o Fabrício, no que não poderia estar mais certo:
"Eduardo Galeano, Chávez? Sério? Não quer dar uma fitinha VHS do Chapolin, um LP do Agepê e um livro de poemas do Neruda, assim, só para complementar o pacto de mediocridade latino-americano? (com todo o respeito ao Chapolin, é claro)"
Como diria um amigo meu, 'subscrevo embaixo'.

domingo, 19 de abril de 2009

Zorra Total

Não se faz mais comédia como antigamente!

sábado, 18 de abril de 2009

Vai tomar no...

Todos sabem que oxítona terminada em 'u' não leva acento, certo?!
Nem todos...

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Racista, eu?!

Sei que já está um pouco passado, mas não podia deixar de meter a minha (irrelevantíssima) colher no meio desse caldo. Resumo: uma menina se declarou (auto-declaração, portanto) parda para entrar no sistema de cotas da Universidade Federal de Santa Maria (alma Mater dos meus pais). Após passar por um "Tribunal Racial" teve a sua matrícula cancelada. Ela não foi considerada, pelos componentes da dita Comissão, merecedora do qualificativo 'cotista' por não ter sido discriminada e por ter sido a primeira vez que se declarava 'parda'. Nas palavras do burocrata de plantão: "Ela respondeu que nunca sofreu discriminação, que nunca se considerou parda, que se considera mais clara que outros integrantes da sua família, e que, no vestibular, foi a primeira vez que se disse “parda”. Partindo do espírito das políticas de ações afirmativas, a comissão, que inclusive tem representantes do Movimento Negro, entendeu que ela não se sente participante desse grupo – destaca Cunha." A participação dos 'representates do Movimento Negro' ainda é uma incógnita para mim, mas tudo bem. Digamos que eles tenham competência (não no sentido jurídico!) para dizer quem é negro, pardo, amarelo, azul, cinza e vermelho. A questão é muito mais simples: a lei não lhes dá competência (aqui sim no sentido jurídico) para tanto! A lei apenas exige a declaração do próprio vestibulando como condição necessária e suficiente para a garantia de cotista. Ela estava de má-fé?! Não sei... Esse ponto, no entanto, não me parece o mais relevante. Aqui, onde atualmente passo meus dias, essa história de raça já deu o que falar. E culminou em tragédia de escala mundial. A simples idéia de um "Tribunal Racial" com a participação de quem quer que seja deve ser, rigorosa e imediatamente, banida de qualquer instituição estatal, tanto mais das Universidades! Se a auto-declaração não funciona, que se descubra outro método. Agora, um grupo de experts julgando quem é isso e quem é aquilo ofende os mais básicos princípios de um país que se quer igualitário.
* * * *
Não sou, nem nunca fui fã do Caetano Veloso, mas achei isso aqui bem bolado: "afro-isso, afro-aquilo (e a forma americana “African- American” é ainda pior) é um modo racista de falar. Um egípcio é africano. Um bôer da África do Sul também. O mesmo para tunisinos, marroquinos e argelinos. “Africano” não quer dizer “negro”. Mas mesmo que todos os africanos fossem pretos, seria racismo designar povos tão variados (inclusive fenotipicamente), oriundos do maior continente da Terra, por uma só palavra. Iorubanos não são bantos, malineses não são bundos, haussás não são gege. São povos com histórias diferentes e muitas vezes tingidas de inimizades milenares. Chamar um mulato filho de uma branca americana com um preto do Quênia de “African-American” é uma grosseria histórica. Essas expressões são “muito piores do que qualquer outra adotada espontaneamente pelas pessoas”, como você diz. Usá-las é adotar o olhar do traficante de escravos."
(na imagem, a afro-sul-africana-descendente Charlize Theron)

Voltamos...

(passado o feriado de Páscoa, inciadas as aulas da Faculdade, feita a mudança para uma nova casa, tomadas as decisões burocráticas e outras nem-tão-burocráticas) ... com a nossa programação normal!

Sub do Sub do Sub

Durante o feriado de Páscoa tive a oportunidade de viajar um pouco. O destino é irrelevante. Digamos apenas que é terra dos mais importantes escritores do século passado (ficou fácil, eu sei). A cidade é linda, a companhia estava agradabilíssima, as Guiness (mais fácil ainda!) me encantaram, etc, etc. O que mais me chamou atenção, contudo, não foram as belezas naturais ou construídas da cidade. O fato mais marcante foi um só: a ubíqua presença de brasileiros na cidade. Não só isso: a que tipo de profissões os brasileiros no exterior se submetem. [Antes de mais nada: tenho certeza de que o texto poderá soar elitista, pedante, arrogante, etc. e tantos outros antes e ismos. A questão é - apenas - que fiquei impressionado!] Passeando pela cidade, não raro, deparávamos com o português do Brasil. Nos mais diferentes sotaques. No supermercado, bem na nossa frente, um representante da espécime brasileirum idiotum grita no ouvido de uma menina (que obviamente não falava português): "Você é muito linda, gata!". Duas conclusões: ele não é gaúcho; ele acha que, por falar português, possui o Anel de Giges e, tal como relata Platão, se comporta como se tudo pudessem, só por estar em terra estrangeira e, claro, ser brasileiros. Vooltando ao ponto: os brasileiros que lá estão - obviamente que isso não é regra geral e não generalizo - submetem-se aos mais banais dos empregos apenas para se manter no exterior. A primeira coisa que me veio à mente foi: O que é pior? Um subemprego no Brasil ou um subemprego na Europa? Sabendo-se que a maioria daqueles que aceitam sub-sub-subempregos não possuem - novamente isso não é regra geral - visto de permanência, as vantagens de se estar na Europa (saúde, aposentadoria, educação, etc) são restritíssimas. Ainda me pego pensando nisso: o que é melhor (pior)? Ser submetido a uma profissão (quase) indigna na Europa ou no Brasil?! A única resposta (ou início de ) que consigo pensar é que esses brasileiros que por lá se submetiam a essas condições não tinham perspectivas muito melhores no Brasil. Logo, entre segurar um placa de restaurante chinês em alguma capital européia ou numa cidade brasileira, eles escolheram a Europa. Eu, sinceramente, não sei o que faria...

sábado, 4 de abril de 2009

Multicultural, pero no mucho III

Espero que essa seja a última da série (por algum motivo desconfio que muito provavelmente não será). No Paquistão uma menina de 17 anos foi açoitada por ter cometido um crime hediondo: teve um caso com um homem casado. Opa! Ela é solteira e desimpedida. Ele (o homem) é casado. Quem tem culpa no cartório?! Pois bem, tanto faz como tanto fez. Por esse crime ela foi condenada (quem falou em julgamento?!) a ser açoitada sob os olhos cúmplices do resto da comunidade, homens e mulheres. Um fato chama a atenção em especial: segundo a reportagem do The Guardian e do Estadão o sujeito que está segurando as pernas dela durante o ato é, chorem, seu irmão. Que tipo de crime deve alguém cometer para que o irmão auxilie na aplicação da pena?! Para ela bastou ser solteira, jovem e ter um affair com um homem casado. Misoginia é pouco, diria um amigo meu. Repito e concluo: o crime foi ter saído com um homem casado. Ele é casado; ela não. E se fosse a tua irmã, Mustafá?! * Claro que essa pode ser considerada uma ala radical, que o Talebã não corresponde a maioria, que esses 'julgamentos' não são comuns, etc, etc. Numa sociedade onde um irmão aceita e, horror!, auxilia o espancamento da irmã há algum mal maior. ** Para ver e ouvir o desespero da moça, a atrocidade está aqui.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Os doces montes cônicos de feno

A meu amigo Octavio N.
Digam que vou, que vamos bem: só não tenho é coragem de escrever
Mas digam-lhe. Digam-lhe que é Primavera, que as flores
Estão se abrindo, e outrora estávamos no Flor de Maçã: as ávores verdejarão
Entre as lágrimas do tempo. Digam-lhe que os tempos estão duros
Falta água, falta carne, falta às vezes o ar: há uma angústia
Mas fora isso vai-se vivendo. Digam-lhe que faz calor em Heidelberg
E apesar de hoje estar chovendo, amanhã certamente o céu se abrirá de azul
Sobre as meninas de maiô. Digam-lhe que o Neckar continua no mapa
E há meninas de maiô, altas e baixas, louras e morochas
E mesmo negras, muito engraçadinhas. Digam-lhe, entretanto
Que a falta de dignidade é considerável, e as perspectivas pobres
Mas sempre há algumas, poucas. Tirante isso, vai tudo bem
No meu caminho. Digam-lhe que a menina da Mensa
Continua impassível, mas o I. acha que ela está melhorando
Digam-lhe que o Antonio continua tomando chope, e eu também
Malgrado uma avitaminose B e o fígado ligeiramente inchado. Digam-lhe que o tédio às vezes é mortal; respira-se com a mais extrema
Dificuldade; bate-se, e ninguém responde. Sem embargo
Digam-lhe que as mulheres continuam passando no alto de seus saltos, e a moda das saias curtas
E das blusas sem mangas dão-lhes um novo interesse: ficam muito provocantes.
O diabo é de manhã, quando se sai para o estudo, dá uma tristeza, a rotina: para a tarde melhora.
Oh, digam a ele, digam a ele, a meu amigo Octavio
Procurador guerreiro, nota 10, atualmente em algum lugar do Rio Grande
Que ainda há auroras apesar de tudo, e o esporro das cigarras
Na claridade matinal. Digam-lhe que as águas do Neckar
Porquanto se encontre eventualmente cocô boiando, devido aos turistas
Continua a lavar todos os males. Digam-lhe, aliás
Que há cocô boiando por aí tudo, mas que em não havendo marola
A gente se agüenta. Digam-lhe que escrevi uma carta terna
Contra os promotores caxias: ele ia gostar. Digam-lhe
Que outro dia vi o Ruivo. Foi para o Brasil
E riu muito de eu lhe dizer que ele ia fazer falta à paisagem heidelberguense
Seu riso me deu vontade de beber: a tarde
Ficou tensa e luminosa. Digam-lhe que outro dia, na Rua Principal
Vi um pedinte em coma de fome (coma de fome soa esquisito, parece
Que havendo coma não devia haver fome: mas havia). Mas em compensação estive depois com um amigo
Que embora não dê para alimentar ninguém, ainda é um amigo.
Digam-lhe que o Thiago de Mello tem escrito ótimos poemas, mas que eu ainda não larguei esse blog.
Digam-lhe que está com cara de que vai haver muita miséria-de-meio-de-ano
Há, de um modo geral, uma acentuada tendência para se beber e uma ânsia
Nas pessoas de se estrafegarem. Digam-lhe que o Marcelinho está na insulina
Mas que a (Co)Madre está linda. Digam-lhe que de quando em vez algum desconhecido passa
E ri com ar de astúcia. Digam-lhe, oh, não se esqueçam de dizer
A meu amigo Octavio N., que comi Käsespaetszle num restaurantezinho qualquer
E que aqui não há ovas e muito menos vatapá, e que tomei boas cervejas
Digam-lhe também que eu prossigo enamorado, mas sinto falta
De caju e picanha, e nas ruas
Já se perfumam os jasmineiros. Digam-lhe que têm havido
Poucos crimes passionais em proporção ao grande número de paixões
À solta. Digam-lhe especialmente
Do azul da tarde alemã, recortado
Entre o Castelo e a Biblioteca. Não creio que haja igual
Mesmo em Rio Grande. Digam-lhe porém que muito o invejamos e as saudades são grandes, e eu seria muito feliz
De poder estar um pouco a seu lado, fardado de segundo-sargento. Oh Digam a meu amigo Octavio N.
Que às vezes me sinto calhorda mas reajo, tenho tido meus maus momentos
Mas reajo. Digam-lhe que continuo aquele modesto estudante
Porém batata. Que estou perfeitamente esclarecido
E é bem capaz de nos revermos na Europa. Digam-lhe, discretamente,
Que isso seria uma alegria boa demais: que se ele
Não mandar buscar os amigos antes, que certamente Os levaremos conosco, que quero muito
Vê-lo em Paris, em Roma, em Bucareste. Digam, oh digam
A meu amigo Octavio que é pena estar chovendo aqui
Neste dia tão cheio de memórias. Mas Que beberei à sua saúde, e ele há de estar entre nós
O bravo Procurador N., seguramente o maior jurista-surfista do Brasil
Grave em seus óculos de míope, suas sobrancelhas e seu nariz proeminente
Terno em seus olhos de poeta não-publicado
Feroz em sua memória de estudante solitário
Delicado em suas mãos e no seu modo de falar ao telefone
E brindaremos à sua figura, à sua poesia única, à sua revolta, e ao seu vegetarianismo
Para que lá, entre as velhas paredes renascentes e os doces montes cônicos de feno
Lá onde a cobra está fumando o seu moderado cigarro brasileiro
Ele seja feliz também, e forte, e se lembre com saudades
De Porto Alegre, de Passo Fundo, de nós todos e ai! de mim.


  * O original pode ser lido aqui e ouvido aqui.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

O rap como metáfora do Brasil

Em 1996 o rapper Jay-Z (na minha opinião um dos melhores no estilo e namorado dela) lançou Reasonable Doubt, aclamado pela crítica como um dos melhores álbuns de Hip Hop de todos os tempos. Numa das faixas do disco, chamada Brooklyn's Finest com a participação do falecido Notorious B.I.G. (cuja vida acaba de virar filme), Jay-Z afirma:
"The number one question is, can the Feds get us"
No Brasil de 2009, a questão, pelo que se , continua sendo essa...

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Mestre Marçal ou carinhas felizes

Ontem tive uma conversa virtual com um antigo colega de faculdade. A bem da verdade, foi colega em apenas algumas cadeiras e conversa não é o conceito mais adequado, mas deixemos estar. Na realidade foi mais ou menos um monólogo virtual, comigo respondendo por meio de risadas virtuais e aquelas carinhas engraçadinhas que o MSN disponibiliza. Ele passou longos minutos explicando suas mais variadas "jogadas no mundo da advocacia corporativa e empresarial" e como todas haviam dado absolutamente certas. De como ele, e somente ele, havia feito as escolhas certas. Mestrado logo depois da formatura?! "Bobagem" escrevia ele. "Eu me inscrevi só porquê (sic) o meu pai me obrigou. Se tivesse passado não cursaria". Coisa de gente sem visão, deixava explícito em outra frase. Ele, sim, com visão, sabia que o ideal era ganhar dinheiro com as empresas que precisam de bons advogados e, somente depois, se dedicar aos esforços acadêmicos. Antes disso é bobagem e, ipsis literis, 'a pessoa fica viajando, sem saber o que acontece no mundo real, ainda mais se vai pro esterior (sic)'. Fiz a bobagem de dizer que estava no exterior (com 'x'). "Alemanha, tchê?! Pra que isso?" Vai querer escrever em alemão no Brasil?, perguntava em uma ironia mal disfarçada. As minhas parcas tentativas de explicar as minhas motivações e o que realmente me trouxe até aqui não surtiram efeito diante de um argumento poderoso dele: "Isso é uma debilmentalice (sic) tua!" Somente alguém com sérios problemas mentais (como eu) poderia querer vir passar cinco anos "longe do verão e do Carnaval pra ficar lendo Kelsen...". De nada adiantou dizer que eu não gosto de verão, (muito menos!) de Carnaval e que lerei Kelsen só se sobrar tempo. Em vão. Tudo em vão: "tu vai ficar aí lendo Kelsen, enquanto tem outros aqui captando clientes. Bobagem!" O monólogo continuou, sempre com odes à inteligência dele e de mais ninguém. Como poderiam todos os nossos colegas de faculdade ter dado "tão errado" na vida, indagava o sujeito. Lembrei a ele que muitos passaram em cobiçadíssimos concursos enquanto outros já eram advogados respeitados de escritórios reconhecidos. "Outros que não sabem a bobagem que estão fazendo... trabalhando pros outros". Ufa! Eu não sou o único a estar agindo errado, pensei. Menos mal! "De que adianta saber todas as leis daí se tu não sabe nada de como funciona aqui?", dizia num tom algo entre o ríspido e o desrespeitoso. Já escrevi aqui que sou um cara paciente e não costumo perder a calma. Continuei lendo tudo que ele escrevia e respondendo com carinhas felizes. Até que ele sentenciou: "tu devia largar tudo e fazer como eu... enriquecer antes dos trinta e ir virar doutro (sic) na USP". Poderia ter perguntado como ele iria enriquecer tão rápido; como ele faria para entrar na USP; como ele faria para conciliar a advocacia e o doutorado, etc, etc. Achei por bem não perguntar nada disso. Simplesmente mandei uma carinha sorridente e com óculos para ele. Ele disse que tinha que ir, que tinha uma reunião importante com o presidente de uma empresa que, por causa do planejamento dele, ia começar a exportar para a China e Rússia. Parabenizei-o pelo cliente e, como sempre, coloquei-me a disposição caso ele precise de alguma coisa por aqui. "Cara, valeu msm, mas qqr coisa eu pego um jatinho ou avião e vou eu mesmo... Eu mando muito bem no inglês!". Por mais que ele possa ter razão em alguns aspectos, depois da conversa/monológo virtual, só consegui pensar em uma frase:
Tchê, como já dizia mestre Marçal, pode encher a tua piscina só não esvazia a minha bacia!
*** Como ninguém sabe quem é o sujeito e ele, com 167.498.345,99% de absoluta certeza, não perderá o precioso e bem remunerado tempo dele lendo esse irelevantíssimo blog, não vejo problema em relatar o ocorrido... Além do que, precisava colocar isso pra fora!!