"Não faz arte, meu filho!"
gritava minha mãe quando não queria que aprontasse alguma. Mais uma vez, solto em Barcelona, tive que improvisar... Matar tempo! Qual a melhor forma?! Por supuesto, algum programa gratuito. Como "pegar ônibus errado" e "tomar injeção na testa" estavam fora de cartaz, procurei outro programa cultural. Fui a Fundación La Caixa, no Caixa Fórum, uma construção muito antiga, reformada e mantida por um dos maiores bancos da região (algo como o nosso Santander Cultural). Pois bem, lá chegando havia uma exposição chamada O Pão dos Anjos, com obras selecionadas da Galeria Uffizi de Florença. Muitas coisas boas. Muitas! Mesmo. Para resumir, havia um Botticelli (numa Madonna que sempre lembra a moça da foto acima).
Pois bem. Depois de ler isso e um pouco disso, saí da exposição dos quadros do Uffizi e, como ainda tinha tempo até o almoço num aconchegante restaurante chamado Cheese Me, fui a uma outra exposição no mesmo lugar.
Resumo: o bicho pegou. A exposição chama-se Zonas de Risco e se trata de uma exposição de arte contemporânea que tenta (e não consegue) relatar as situações em zonas de risco que existem pelo mundo afora.
Assumo a obviedade: o problema é que a arte virou qualquer coisa. Explico-me. Assim me senti diante daquela estranha arte, com letra a bem minúscula. Obviamente é inegável a qualidade (e a inovação/revolução proporcionada por) de alguns artistas, digamos, modernos/contemporâneos (para citar uns poucos: Picasso, Klimt, Klee, Rothko, Kandisnki, etc... Dalí não!).
Logo no início três barris de petróleo, um em cima do outro, presos pelas extremidades para, nas palavras do artista, “demonstrar a falácia da estabilidade do modelo neoliberal baseado no petróleo”. Pelamor... Obviedade que só não é suplantada pela carga ideológica da, digamos, obra ou instalação. A obra teria algum valor, para o que se propõe (obviamente!) se os barris caíssem, demonstrando a instabilidade, portanto, e, de alguma forma (use a criatividade, meu caro!), levantassem novamente à posição original imaginada pelo artista. Do jeito que está, mais parece que o ‘modelo neoliberal’ balança mas não cai, para utilizar o dito popular. Uma pequena curiosidade: os barris de petróleo da instalação, ao girarem, produzem um ruído que, além de ensurdecedor, é absolutamente repugnante aos ouvidos. Perguntei ao guarda como ele agüentava aquele estrépito, ao que ele me respondeu: só preciso agüentar por doze minutos por hora. Sim. A obra do artista, para não produzir danos aos tímpanos, somente pode ser observada pelo mesmo guarda por doze minutos... A desumanização da arte, a que se referia Ortega y Gasset, é coisa séria!
Após, passei para a outra instalação: Steve McQueen, Shit in your Hat, Head in a chair. Um mímico, de feições ambíguas (ora masculino, ora feminino) fica realizando as ordens emanadas por um locutor invisível. O intuito é demonstrar a falência de estados totalitários que usam a tortura (?) como método. Tortura é ver os maneirismos daquele mímico... Podem me chamar de filisteu, ignorante, rude e quejandos. Atualemente basta que se auto-intitule artista para que, absolutamente, qualquer coisa vire arte (um cachorro amarrado, por exemplo).
Logo no início três barris de petróleo, um em cima do outro, presos pelas extremidades para, nas palavras do artista, “demonstrar a falácia da estabilidade do modelo neoliberal baseado no petróleo”. Pelamor... Obviedade que só não é suplantada pela carga ideológica da, digamos, obra ou instalação. A obra teria algum valor, para o que se propõe (obviamente!) se os barris caíssem, demonstrando a instabilidade, portanto, e, de alguma forma (use a criatividade, meu caro!), levantassem novamente à posição original imaginada pelo artista. Do jeito que está, mais parece que o ‘modelo neoliberal’ balança mas não cai, para utilizar o dito popular. Uma pequena curiosidade: os barris de petróleo da instalação, ao girarem, produzem um ruído que, além de ensurdecedor, é absolutamente repugnante aos ouvidos. Perguntei ao guarda como ele agüentava aquele estrépito, ao que ele me respondeu: só preciso agüentar por doze minutos por hora. Sim. A obra do artista, para não produzir danos aos tímpanos, somente pode ser observada pelo mesmo guarda por doze minutos... A desumanização da arte, a que se referia Ortega y Gasset, é coisa séria!
Após, passei para a outra instalação: Steve McQueen, Shit in your Hat, Head in a chair. Um mímico, de feições ambíguas (ora masculino, ora feminino) fica realizando as ordens emanadas por um locutor invisível. O intuito é demonstrar a falência de estados totalitários que usam a tortura (?) como método. Tortura é ver os maneirismos daquele mímico... Podem me chamar de filisteu, ignorante, rude e quejandos. Atualemente basta que se auto-intitule artista para que, absolutamente, qualquer coisa vire arte (um cachorro amarrado, por exemplo).
Como disse José Guilherme Merquior, ao se referir a um cobertor pintado e apresentado como ‘instalação’ e comparando com a obra dos grandes mestres da pintura: “Dou um doce para quem sentir o mesmo quando enxerga a enxerga do MoMA”. De fato, há que se dar razão aos críticos e historiadores da arte mais conservadores: existe a Arte e atualmente a arte. Saí de lá com a sensação de que não se faz mais Arte... Ou melhor, eles não ouviram a própria mãe e, infelizmente, ali só se faz arte!!
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