sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Epifania

Gotthold Lessing, no livro Nathan, der Weise, conta uma história significativa:

Certo dia, o sultão Saladin perguntou ao rabino Melquisedech qual das três religiões monoteístas ele considerava ser a verdadeira? O judeu respondeu na forma de uma parábola.

Um homem muito rico tinha, entre as todas as jóias preciosas do seu tesouro, um anel muito valioso. Queria, por isso, que ficasse sempre na posse de um dos seus filhos, sendo sempre o mais bondoso o escolhido. E esse deveria ser respeitado pelos outros, por ser o melhor dentre eles. Assim aconteceu, sendo o anel passado de pai para filho, ao longo de gerações. Até que chegou a um que tinha três filhos; todos igualmente bons, virtuosos e obedientes ao pai, que não conseguia distinguir o amor entre dos filhos. Os três desejavam e esperavam ser o herdeiro do anel. E, em segredo, cada um pedia o presente ao pai. Como o velho amava a todos, não sabia a qual filho deveria deixar o anel. Secretamente, procurou o melhor ourives do reino e pediu para fazer mais dois anéis tão semelhantes ao verdadeiro que não fosse possível dizer qual era o verdadeiro e qual eram os falsos.  

Pressentindo a morte, o homem rico entregou, secretamente, um anel a cada filho, com obrigação de guardar sigilo até ele morrer. Depois do último suspiro, cada um dos filhos demandou a herança, para receber também a honra por ser o melhor, uma vez que cada um deles acreditava possuir o anel valioso. Ao abrirem a herança os três exibiram cada um o seu anel e, de tão iguais, não era possível saber qual era o verdadeiro.  

Ao final, o rabino Melquisedech respondeu a Saladin: as três religiões dadas por Deus aos três povos assemelham-se aos anéis. Cada um dos povos crê possuir a verdadeira religião e cumpre os seus mandamentos.

PS - Como moro na "Rua dos Três Reis Magos" achei que a história se encaixava na data. 

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Update:

Minha queridíssima mãe me envia uma versão feminina do Nascimento:

“Não me façam rir, eu conheço a Maria desde a faculdade!”

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