domingo, 13 de junho de 2010

Tomorrow, and tomorrow, and tomorrow

Na peça Macbeth, Shakespeare, numa de suas estrofes mais famosas, descreve o que ele entende seja a vida. Pela voz de Macbeth, depois de ser avisado por Seyton que Lady Macbeth estava morta, declama:  a vida “é um conto, narrado por um idiota, cheio de som e de fúria, sem sentido algum"  (Ato 5, Cena 5).  

Como já contei aqui, fui obrigado a ler isso bem cedo. Meu pessimismo, como se vê, não é gratuito. Vem das leituras que fiz e que fui obrigado a fazer. Mas, principalmente, da miséria com a qual sou obrigado – jamais escolhi vivenciar isso – a conviver.  

Esses versos me foram escritos por um amigo dileto, depois de me informar que um conhecido, que trabalhava no mesmo lugar que eu, fora assassinado por jovens em função de um carro e algum dinheiro.  No mesmo dia fico sabendo que os filhos de uma senhora digna se digladiam em virtude de uma herança. 

Há pessoas que creem que o ser humano é capaz de prodígios e, se bem condicionado, capaz de se tornar um “novo homem”. Outros chegam a gritar que “um outro mundo é possível”. Eu, pessimista (realista?) só vejo miséria no futuro do homem. Miséria, tragédia e tristeza. Nada mais.

Enfim, um conto, narrado por um idiota, cheio de som e de fúria, sem sentido algum.