sexta-feira, 17 de abril de 2009

Sub do Sub do Sub

Durante o feriado de Páscoa tive a oportunidade de viajar um pouco. O destino é irrelevante. Digamos apenas que é terra dos mais importantes escritores do século passado (ficou fácil, eu sei). A cidade é linda, a companhia estava agradabilíssima, as Guiness (mais fácil ainda!) me encantaram, etc, etc. O que mais me chamou atenção, contudo, não foram as belezas naturais ou construídas da cidade. O fato mais marcante foi um só: a ubíqua presença de brasileiros na cidade. Não só isso: a que tipo de profissões os brasileiros no exterior se submetem. [Antes de mais nada: tenho certeza de que o texto poderá soar elitista, pedante, arrogante, etc. e tantos outros antes e ismos. A questão é - apenas - que fiquei impressionado!] Passeando pela cidade, não raro, deparávamos com o português do Brasil. Nos mais diferentes sotaques. No supermercado, bem na nossa frente, um representante da espécime brasileirum idiotum grita no ouvido de uma menina (que obviamente não falava português): "Você é muito linda, gata!". Duas conclusões: ele não é gaúcho; ele acha que, por falar português, possui o Anel de Giges e, tal como relata Platão, se comporta como se tudo pudessem, só por estar em terra estrangeira e, claro, ser brasileiros. Vooltando ao ponto: os brasileiros que lá estão - obviamente que isso não é regra geral e não generalizo - submetem-se aos mais banais dos empregos apenas para se manter no exterior. A primeira coisa que me veio à mente foi: O que é pior? Um subemprego no Brasil ou um subemprego na Europa? Sabendo-se que a maioria daqueles que aceitam sub-sub-subempregos não possuem - novamente isso não é regra geral - visto de permanência, as vantagens de se estar na Europa (saúde, aposentadoria, educação, etc) são restritíssimas. Ainda me pego pensando nisso: o que é melhor (pior)? Ser submetido a uma profissão (quase) indigna na Europa ou no Brasil?! A única resposta (ou início de ) que consigo pensar é que esses brasileiros que por lá se submetiam a essas condições não tinham perspectivas muito melhores no Brasil. Logo, entre segurar um placa de restaurante chinês em alguma capital européia ou numa cidade brasileira, eles escolheram a Europa. Eu, sinceramente, não sei o que faria...

Um comentário:

FF disse...

Acho que tem de tudo um pouco, sinceramente.
A gente percebe brasileiro inconveniente com mais frequencia porque somos brasileiros, então a coisa grita. Mas já vi inconvenientes de tudo que é canto, esta coisa "ceva e gritaria", tem um certo aspecto universal - pelo menos eu acho.
Sobre o tipo de trabalho, acho que passa pela falta de perspectiva no Brasil, a ilusão da grana fácil, e a vontade de viajar. Cada um destes com mais peso que o outro, dependendo das circunstancias, sabe?
Enfim, aqui no mid-west é fogo ser imigrante, e tem relativamente pouco brasileiro imigrante. Tem relativamente pouco brasileiro, PONTO. Minha experiência maior foi com o pessoal em Nova Iorque (impossível falar portugues e esperar não ser entendido, brasileiros POR TUDO), na maior parte me pareceu trabalhador. Aqui em c-dale e no mid-west em geral, quem aparece é aventureiro - tem uns tipos bizarros...