domingo, 31 de maio de 2009

"Aproveitar a vida"

uns tempos tive uma discussão sobre as escolhas pessoais e como algumas delas nos levavam por caminhos complicados. Alguns de nós escolhem aproveitar a vida (essa foi a expressão usada por mim) enquanto outros escolhem caminhos menos 'atrativos' e que consomem boa parte da juventude e/ou do início da vida adulta. 


 As escolhas que eu fiz até agora nunca me ajudaram a 'aproveitar' a vida, pelo menos não do jeito que o senso comum acredita que seja a forma 'correta'. A piada que eu sempre faço é que em 50 anos, meus netos perguntarão para o "Vovô" o que ele fez na juventude e a resposta seria: "dos 7 aos 33 o vovô estudou". Querem vida menos 'aproveitada'?! 


 Claro que tudo que aconteceu na minha vida até agora foi uma conjunção de vários fatores, entre eles a sorte e a vontade de realizar planos e/ou sonhos que eu tenho há anos. Sempre tive o apoio das mais diferentes pessoas e, claro, apoio incondicional da minha extraordinária família. Engraçado que eles, que mais se preocupam comigo, nunca disseram para eu aproveitar a vida. A razão principal, até onde sei, é que lá em casa temos uma ética do trabalho muito forte. Coisas que Freud não explica, mas Max Weber(*) sim. 


Quando alguém me diz que eu deveria estar aproveitando a vida, eu sempre fico pensando qual a melhor forma para fazer isso. Festas?! Praia?! Claro que eu adoraria estar com meus amigos e com a minha família, sentado num bar, tomando cerveja e comendo churrasco todos os finais de semana. Hoje tenho muito mais vontade de estar sentado na grama, na beira do rio, tomando uma cerveja e lendo um livrinho bobo qualquer, no lugar de estar trancafiado, lendo um manual (chatíssimo!) de direito constitucional. Isso, quer me parecer, é, no senso comum, aproveitar a vida ao máximo. 


 O grande problema, acredito, é que para ser realizado e, claro, tentar realizar alguma coisa(**) alguns sacrifício são necessários. Abandonar as pessoas queridas por algum tempo, abrir mão de alguns divertimentos e passatempos, ignorar as realizações instantâneas e, acima de tudo, sacrificar uma grande parcela da vida pessoal. Vale a pena?! Não sei... Mas é algo que, caso eu não fizesse, em cinquenta anos olharia para trás e me arrependeria de ter não ter aproveitado a minha vida para fazer! 


Eu aproveito a vida?! Boa pergunta. Mas, em cinquenta anos, meu netos - tenho certeza - ouvirão outra resposta: 'O vovô aproveitou a vida da melhor forma que pôde'. 


(*) Max Weber foi um dos pais da sociologia. e, além de ter estudado por aqui, virou professor de 'Economia' alguns anos mais tarde. Como todos sabemos, ele enveredou por outros caminhos, até chegar a sua magnum opus 'Economia e Sociedade'. A referência é ao sensacional "A ética protestante e o 'espírito' do capitalismo". 
(**) Que fique muito claro: não tenho a pretensão de realizar nenhuma coisa grandiosa. O que me move, contudo, é a vontade de tentar realizar algo que possa, num micro-universo limitadíssimo, fazer alguma diferença.

2 comentários:

Vivian disse...

Oi Pedro, que saudades de ti!!! Saibas que terás muitos domingos de sol, churrasco e cerveja que terão graça justamente porque irás repetir e repetir aos netos essas tuas histórias.
Abraços
Vivian e Etchichury

Pedrinho disse...

Oxalá, prima. Oxalá!