quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Dois mil e nove anos

Nas primeiras discussões da faculdade, especialmente as que envolviam direito penal, sempre surgia a fatídica pergunta:
"E se alguem estuprasse a tua filha de cinco anos, hein? O que tu faria?"
Como bom cínico, sempre respondia que os direitos fundamentais deveriam ser observados, independentemente da situação. E, claro, dizia que o pai da infante estuprada não era o sujeito mais indicado a dar palpites sobre a pena do estuprador.
Parece que na terra do Mustafá, meu amigo, as coisas são um pouco diferentes. A pena lá, pelo visto, continua a mesma há dois mil e nove anos, quando surgiu o maior mártir da civilização.
E aí, Mustafá, e se alguém estuprasse a tua filha de cinco anos, o que tu faria, hein?! Resposta hipotética, porém extremamente provável: dura lex sed lex, caro Pedrinho. Mandaria aplicar a lei que manda decapitar e crucificar estrupadores... E dá-lhe relativismo cultural neles!

7 comentários:

punk da periferia disse...

O que se faz com os "estrupadores" nas nossas instituições penais não é muito melhor que isso. E se os mustafás têm a desculpa do relativismo cultural, isso é bem mais palatável que o nosso "relativismo moral".
Mas pimenta nos olhos dos outros é tão divertido...
Aproveitando a insônia, meu favorite ever (sou mais fã dele que do Seu Madruga!): http://www.youtube.com/watch?v=7lRl0s4hNOA

Anônimo disse...

Esse é o famoso "non sequitur". De uma premissa, infelizmente, não decorre o corolário.
Ou, o que é pior, é justificar um erro com outro. Se a gente faz mal, então não é "pecado" que eles também o façam. O famoso "nivelar por baixo".

A principal distinção é que a decapitação e crucficação se tratam de políticas de Estado, enquanto a situação dos nossos presídios nada mais é do que uma enorme, antiga e indesculpável falha numa política de Estado.

Se eu puder usar o teu exemplo, invertido: se pode-se justificar dessa maneira, o nosso descaso com os estupradores não é tão ruim, já que por lá eles são tratados de forma muito pior. Non sequitur, além de ser uma rematada bobagem.

Já que é pra indicar vídeos, vamos de realidade feminina: http://www.youtube.com/watch?v=0nUI3TUdFCk

Fico aqui imaginando a resposta: "Mas o que se faz com as nossas mulheres não é muito diferente." Verdade. Mas aqui há a possibilidade de se aplicar a Maria da Penha... :)

punk da periferia disse...

O objetivo de quem escreve sob pseudônimo é manifestamente irresponsável. Foi uma piada dirigida exclusivamente ao detentor de poder de aprovação de comentários deste irreverente e borbulhante blog. Caso queiras, oh, Anônimo, receber uma resposta séria, peça meu endereço eletrônico to the boss (yes, he can!... give you that).
;)

punk da periferia disse...

"Já que é pra indicar vídeos, vamos de realidade feminina"...
Senti uma pontinha de ódio de gênero aí? Ah, os icebergs... sempre tão traiçoeiros.
To the boss, thanks a lot!

Pedrinho disse...

Dos meus tres leitores, dois comecam a brigar! Como diria o Borat, "great success".

Pedrinho disse...

Somente agora vi o video do "anonimo". Seria comico, nao fosse tragico.

As ultimas frases dizem muito:

"O homem chega em casa e a mulher esta assistindo TV. O homem pede para ela fazer comida e ela nao faz. Ele pede novamente e ela nao faz. Entao ele bate nela e ela vai cozinhar. Depois ela vai esquecer da surra, mas o homem vai se lembrar da comida".

Isso valia um tratado de psicologia e antropologia!

punk da periferia disse...

Já que o Anônimo aparentemente não te escreveu, Pedro, vou deixar "minha" resposta séria pra ele por aqui:

"Acredito que existem valores que não podem ser relativizados. Algumas coisas fazem parte da natureza humana e, a partir disso, qualquer limitação cultural e/ou religiosa nesse âmbito passa a ser indevida. Igualdade entre homens e mulheres, por exemplo. Liberdade de expressão. Liberdade de credo... entre tantas outras liberdades."

Desculpe qualquer coisa, viu... :)