segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

17.59

Ontem um ocorrido me deixou abismado. E pensando. Melhor, pensando abismado. Defronte ao meu quarto mora um egípcio que costuma dormir as tardes inteiras especialmente para poder me encher a paciência conversando com seus amigos árabes durante a madrugada. O sujeito é extremamente simpático, razão pela qual nunca me levantei durante a madrugada e xineuei até a décima oitava geração, algumas antes de chegar ao profeta. Meu vizinho ontem desejava dormir sem ser importunado. Por essa razão colou um pequeno post-it com um recado extremamente simples: "Quero dormir até às seis da tarde. Por favor somente me atrapalhem depois". Simples. Direto e, melhor de tudo, com apenas um erro de ortografia. Como o meu quarto é pequeno, eu gosto de estudar com a porta aberta. Na minha estranha lógica faz o quarto parecer maior e me deixa mais a vontade para estudar. Algum arquiteto/psiquiatra pode explicar, assim acredito e espero. Estava eu sentadinho na minha cadeira, fazendo tema de casa (sim, podem acreditar, tema de casa!) quando percebi uma pessoa se aproximando da porta do meu vizinho. Uma coreana com o sugestivo nome de "Shampoo" (pelo menos, segundo ela, é assim que deve ser pronunciado) veio importunar o vizinho às 5 da tarde. Leu o bilhete, olhou em volta e me pergutou se era sério. Respondi que acrediatava que sim, para a completa infelicidade da asiática. Ela leu e releu o bilhete com muita calma e disse tchau. Pode parecer mentira, mas não é. Juro. Exatamente às 17.59 aparece a moça com nome de gel capilar e, para meu completo desespero, espera exatamente um minuto até às 18.00 horas. Nesse exato momento, six o'clock, ela começa a bater freneticamente na porta do coitado do egípcio dizendo, aos berros, que já estava no horário estipulado pelo bilhete, que ele deveria acordar imediatamente, uma vez que ela estava se sentindo sozinha e queria conversar. Já tinha, infelizmente, presenciado alguns ataques de carência e necessidade de afeto e/ou companhia. Nada assim tão extremado. Repito. Nada. Essa Temporada Alemã, pelo jeito, ainda não me pegou. Pelas razões certas, presumo. Espero, sinceramente, que eu não fique tão carente quando a "japinha" amiga do vizinho, pelas razões erradas. A minha teoria é que isso é decorrência da neve. Assunto para o próximo post...

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