quinta-feira, 29 de março de 2012

Caruaru

Há uns tempos comentava com um amigo que um dos defeitos do Brasil é a ausência de uma elite. 
Palavra muitas vezes considerada um anátema, a elite em uma sociedade democrática e desenvolvida é, além de inevitável, indispensável. Precisa-se de uma elite para pensar, para criticar, para comandar, para, enfim, liderar quem não tem condições de fazer o que uma elite faz. 
Explicação óbvia, mas necessária: ser da elite não significa ser rico, ser playboy, milionário, afetado, etc., etc., etc. Antes pelo contrário. Uma elite pode se desenvolver também em grotões, com muito mais dificuldades, mas é possível. Um Chico Buarque não veio do nada; da mesma forma um Gilberto Amado; muito menos um Raymundo Faoro. Há uma frase do escritor francês Victor Hugo que diz: se quer civilizar alguém, comece pelos seus avós. E assim é. Enfim, continuemos. 
Dizia eu a esse amigo, que a nossa elite costuma ser ignorante, inculta, mesquinha, corrupta, preconceituosa, autocentrada, ególatra e egoísta. E, para nossa infinita tristeza, nossa elite é brega. Infinitamente brega. Incomparavelmente brega. Tristemente brega. Toscamente brega. Confunde riqueza com ostentação. Possibilidades com desperdício. Privilegia a aparência sobre o conteúdo; compra arte por que é cool ou hype, não por que entende que a arte é ao mesmo tempo uma busca pelo belo e um mecanismo de mudança social e contestação por excelência. Que não consegue diferenciar bom gosto do engodo do marketing. Que prefere o simulacro à realidade. Enfim, uma elite que não vê grande importância em cultura, em estudo, em educação. Mas vê muita importância em champagne. Que brilha no escuro, pois não?!

Ser mais fútil que Paris Hilton não é tarefa fácil. Parabéns, sr. Empresário Brasileiro!










































Quando estava pronto a me desesperar, li um dos comentários que, felizmente, salvou o dia. Zéferino (que é Zé e também é ferino) Brasilino mostra que, independentemente de nome e sobrenome, é possível ser da mais alta elite brasileira. Com senso de humor. E de proporção. Sem deixar de lado o bom gosto. 

Não representa a opinião do jornal, mas representa a opinião da elite caruarense.